Secretário de Haddad nega participação em esquema do Municipal
Em depoimento aos vereadores que integram a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga irregularidades na gestão do Teatro Municipal entre 2013 e 2015, o secretário municipal de Comunicação, Nunzio Briguglio Filho, voltou a negar na manhã desta quarta-feira (6) qualquer participação no esquema que desviou R$ 15 milhões dos cofres públicos.
As declarações, no entanto, não convenceram os parlamentares, que decidiram representá-lo ao Ministério Público por improbidade administrativa.
A representação pede à Promotoria que investigue a participação de Briguglio no pagamento de serviços nunca realizados. Para os vereadores, documentos reunidos pela CPI comprovam que o secretário articulou a contratação de ao menos dois serviços nunca apresentados: espetáculos produzidos por uma empresa espanhola para o teatro, sobre a obra de Villa Lobos, e a veiculação de filmes institucionais do teatro na mídia.
Durante a reunião da comissão, o vereador Ricardo Nunes (PMDB) apresentou uma carta assinada por Briguglio enviada por ele ao produtor Valentín Proczynski, presidente da Old and New Montecarlo, na qual ele afirma interesse no negócio e chega a indicar valores a serem pagos pelo teatro antes mesmo da concretização do acordo. Os valores partiriam de 150 mil euros.
Segundo a comissão, o serviço foi depois contratado por 1 milhão de euros, mas os espetáculos nunca fora apresentados.
No segundo caso, os parlamentares acusam Briguglio de intermediar a contratação de uma produtora de cinema, por R$ 500 mil, para produzir filmes institucionais que nunca foram veiculados.
Durante a CPI, o secretário reconheceu que enviou a carta à empresa espanhola, mas disse que o fez com a intenção de divulgar a cidade no exterior. Ele negou que tenha determinado a contratação ou qualquer tipo de pagamento. No segundo caso, Briguglio também se declarou inocente.
Réu
O nome do secretário, o mais próximo do prefeito Fernando Haddad (PT), foi citado pelo ex diretor do teatro, José Luiz Herência, réu confesso, que fez acordo de delação premiada com o Ministério Público.
Na saída da CPI, o secretário afirmou que os réus estão desesperados, com o pé na cadeia, e que por isso querem levar outros nomes com eles - além de Herência, William Nacked, diretor do Instituto Brasileiro de Gestão Cultural, também teria desviado recursos.
"Os dois são acusados do desvio de mais de R$ 15 milhões, práticas das mais escabrosas possíveis. Estão em desespero, e como todos sabem que sou muito próximo do prefeito e do maestro John Neschling, foi uma forma de criarem um tumulto", afirmou. "Mas, na administração Fernando Haddad, todos aqueles que cometeram falhas foram afastados e processados. Não é o meu caso."
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