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Museu do Ipiranga começa a transferir acervo para restauro do prédio

Fachada do Museu Paulista, na zona sul de São Paulo; conhecido como Museu do Ipiranga, ele está interditado desde 2013 - Gabriela Biló/Futura Press
Fachada do Museu Paulista, na zona sul de São Paulo; conhecido como Museu do Ipiranga, ele está interditado desde 2013 Imagem: Gabriela Biló/Futura Press

De São Paulo

19/07/2015 10h05

Dois anos após a interdição, o Museu Paulista - mais conhecido como Museu do Ipiranga - prepara-se para começar, lenta e gradualmente, a reabrir ao público. A biblioteca da instituição, com 70 mil exemplares, deve retomar o atendimento aos interessados neste semestre.

Entretanto, ainda não há planos para o início das obras de restauro do prédio-monumento, construído em 1890 e inaugurado em 1895. Ao custo mensal de R$ 172 mil, o Museu locou sete imóveis na região do Ipiranga para abrigar os cerca de 150 mil itens do acervo e, claro, a biblioteca - cujo endereço ainda não pode ser divulgado, por razões de segurança.

"Toda a transferência dos acervos e equipes, a ser realizada até 2016 e já prevista, depende dos resultados de processos licitatórios", diz a diretora da instituição, a arquiteta Sheila Walbe Ornstein. "Essa transferência envolve grande logística e, nesta escala, nunca foi feita em um museu no País."

Há um mês, o jornal "O Estado de S. Paulo" visitou dois dos sete imóveis que vão receber os acervos. Assim como os demais cinco, eles estão passando por pequenas obras de adequação. "Não há como prever quanto tempo os itens ficarão acondicionados neles", diz a historiadora Solange Ferraz de Lima, do quadro de docentes do Museu Paulista.

"Portanto, tudo precisa ser feito com muita minúcia, e esta é uma oportunidade única para que toda a coleção seja novamente inventariada, conferida e recondicionada." Dos 79 funcionários efetivos do museu, 60 estão - munidos de capacetes de proteção e respeitando limites de segurança - trabalhando diariamente no interior do prédio interditado, justamente no preparo da transferência.

O histórico edifício, entretanto, não ficará totalmente vazio para as obras. Cinco dos itens do acervo, entre eles o famoso quadro Independência ou Morte (confira os demais no quadro acima) não serão retirados do prédio - devem receber uma proteção em razão das obras. "Só com a retirada dos acervos começam os planos para o restauro propriamente dito", garante Sheila.

Não há estimativas nem de valor nem de cronograma para as obras. Os próprios projetos precisam ainda ser detalhados - na proposta mais ousada, existe a ideia de construção de uma moderna torre anexa ao prédio, onde ficaria a parte administrativa e a reserva técnica da instituição. Esta seria uma solução para o principal problema que precipitou o fechamento do museu, em agosto de 2013: a sobrecarga das toneladas do acervo sobre um edifício do século 19, que não foi projetado para suportar tamanho peso.

Mas tudo ainda está em discussão nas mesas da reitoria da Universidade de São Paulo (USP), a quem o museu pertence. "Estamos preparando estudos, porém os projetos executivos envolvendo diversos consultores e as obras de restauro e modernização ainda dependem de patrocinadores externos à universidade", diz Sheila. "Os gestores reitoriais estão comprometidos na busca destes possíveis patrocinadores."

A quem pergunta, a direção do museu dá a simbólica data de 2022, ano do bicentenário da Independência do Brasil, como limite para a reabertura. A esperança de que não leve tanto tempo - principalmente em razão dos 300 mil visitantes que recebia por ano - mescla-se com a insegurança financeira atual. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.