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'E o Vento Levou' é retirado da HBO Max após protestos contra o racismo

Clark Gabel e Vivien Leigh em "E o Vento Levou" - Divulgação
Clark Gabel e Vivien Leigh em 'E o Vento Levou' Imagem: Divulgação

Em L.A.

10/06/2020 08h09

O filme "E o Vento Levou" foi retirado da plataforma de streaming HBO Max ontem, no momento em que grandes protestos contra o racismo e a brutalidade policial, por conta da morte de George Floyd, levam os canais de televisão revisar o conteúdo oferecido.

O longa-metragem de 1939 sobre a Guerra Civil americana, que venceu oito estatuetas do Oscar, incluindo melhor filme, continua sendo uma das maiores bilheterias de todos os tempos (quando são calculados os ajustes pela inflação), mas sua representação de escravos conformados e heroicos proprietários de escravos é alvo de críticas.

"'E o Vento Levou' é um produto de seu tempo e contém alguns dos preconceitos étnicos e raciais que, infelizmente, têm sido comuns na sociedade americana", afirmou um porta-voz da HBO Max em um comunicado enviado à AFP.

"Estas representações racistas estavam erradas na época e estão erradas hoje, e sentimos que manter este título disponível sem uma explicação e uma denúncia dessas representações seria irresponsável", completou.

Várias manifestações aconteceram nos Estados Unidos após a morte, em 25 de maio, do afro-americano George Floyd durante uma ação policial, com pedidos de reforma das forças de segurança e da remoção símbolos do legado racista, incluindo alguns monumentos.

O autor de "12 Anos de Escravidão", John Ridley, escreveu em um artigo publicado no jornal Los Angeles Times na segunda-feira que "E o Vento Levou" deveria ser retirado porque "não fica apenas aquém da representação, mas ignora os horrores da escravidão e perpetua alguns dos estereótipos mais dolorosos das pessoas de cor".

O filme será disponibilizado novamente na plataforma de streaming que foi lançada recentemente, em uma data ainda a ser definida, junto com uma discussão de seu contexto histórico, informou a empresa.

Mas nenhum corte será feito no longa-metragem, "porque fazer isto seria como dizer que estes preconceitos nunca existiram".

"Se vamos criar um futuro mais justo, equitativo e inclusivo, nós devemos primeiro reconhecer e entender nossa história", afirmou a HBO Max.

Ontem, a Paramount Network anunciou o cancelamento da série "Cops". O programa acompanhou policiais americanos em ação durante mais de três décadas, mas foi acusado de tentar glamorizar alguns aspectos do trabalho policial e distorcer assuntos relacionados à raça.