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Yalitza Aparicio espera que a pandemia apresente "o lado mais humano" das pessoas

27/05/2020 10h10

México, 27 Mai 2020 (AFP) - A pandemia adiou o retorno da mexicana Yalitza Aparicio aos estúdios de gravação. Mas a protagonista do premiado filme "Roma" aproveita o confinamento para impulsionar seu ativismo pelos povos indígenas.

De volta à Cidade do México, após passar várias semanas em sua cidade natal Tlaxiaco (Oaxaca, sul), a primeira indígena indicada para a categoria de melhor atriz pela Academia de Hollywood divulgou um vídeo informativo em línguas ancestrais para unir esforços contra a COVID-19.

Embaixadora da Boa Vontade da Unesco pelos povos indígenas, essa professora de 26 anos conta à AFP que está tomando um tempo para ler, pintar e pensar que, esperançosamente, a crise "nos ensinará que não somos diferentes uns dos outros e seremos mais solidários".

P: Qual tem sido sua atividade preferida durante o confinamento e como o tem vivido?

R: No início era complicado porque eu vinha de um ritmo de vida um tanto acelerado, de ir de um lugar para o outro sem parar e, de repente, foi um 'tem que ficar em casa' (...) O fato de estar trancada me sufocava, mas comecei a experimentar atividades que sempre gostei, como pintura e leitura e que me ajudam a reconectar outra vez com a Yali que era no começo.

P: O que essa pandemia nos ensina?

R: Nos ensina a estarmos unidos e não somente de forma física (...) Nos ensina também a sermos solidários, pensar em outras pessoas e não sermos tão egoístas. Acho que isso é a beleza deste acontecimento, estarmos nos apoiando e expondo essa parte humana.

P: Como essa crise nos mudou?

R: Não sei como vamos agir, mas deveríamos fazer da melhor maneira, tomar certas medidas, principalmente na saúde. Porque se não, quando a pandemia passar, tudo voltará à normalidade.

Vi que algumas mídias diziam que parece que a pandemia serviu para que o mundo desse um respiro e você percebe que é verdade, porque se olhar para o céu, está menos poluído (...) É verdade que nós (os humanos) estamos tentando destruir o mundo.

P: A crise atrasou seus planos profissionais?

R: Como embaixadora da Boa Vontade na Unesco, não, felizmente não parei porque esse tempo está servindo para me manter informada.

No campo da atuação sim, vários projetos foram interrompidos, talvez fiquemos parados por um tempo, mas poderemos retomá-los depois. Daqui a pouco veremos como sairemos dessa pandemia e o que acontecerá.

P: Como surgiu a ideia de fazer um vídeo com mensagens sobre a COVID-19 em línguas indígenas?

R: A intenção é mostrar ao mundo que não somos diferentes uns dos outros e sim o contrário, todos fazemos parte deste mundo e, portanto, todos devemos colaborar.

Todos (os participantes) estavam de acordo com essa mensagem, porque o fato de ser falada em línguas indígenas do México não significa que outros países não estejam passando pelo mesmo.

Na cidade ainda há lojas que contam com alimentos suficientes para abastecer a população, mas em certas comunidades houve casos em que fecharam o caminho para evitar serem expostos ao vírus e a comida não chega até eles.

A isso devemos acrescentar que há pessoas que falam apenas seu idioma, não falam espanhol e as mensagens também não chegam até elas.

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