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Pirâmide egípcia mais antiga ainda de pé reabre após restauração

Pirâmide de Djoser, no Egito - Mohamed El-Shaned / AFP
Pirâmide de Djoser, no Egito Imagem: Mohamed El-Shaned / AFP

Cairo (Egito)

05/03/2020 12h17

A pirâmide do faraó Djoser, localizada em Sacará, sul do Cairo, com 4.700 anos e considerada a mais antiga ainda de pé no Egito, reabriu ao público hoje, após vários anos de restauração.

"Reabrimos hoje a pirâmide mais antiga ainda de pé no Egito, após sua restauração", declarou o ministro egípcio de Antiguidades e Turismo, Khaled el-Enany, durante uma cerimônia no famoso monumento escalonado. Ele é também o "primeiro edifício totalmente construído em pedra do mundo", completou.

O projeto de restauração deste monumento começou em 2006, mas foi interrompido "por razões de segurança", na época da revolta popular de 2011. As obras foram retomadas em 2013, segundo Ayman Gamal Edin, responsável pelo projeto no Ministério de Antiguidades.

O custo total das obras de restauração foi de 104 milhões de libras egípcias, ou cerca de seis milhões de euros (aproximadamente R$ 31 milhões), de acordo com o governo egípcio.

Localizada cerca de 20 quilômetros ao sul do Cairo, a pirâmide domina uma vasta necrópole na região de Memphis, que foi a primeira capital egípcia.

Com cerca de 60 metros de altura distribuídos por seis andares, o monumento foi construído por volta de 2.700 a.C. pelo famoso arquiteto Imhotep, no topo de uma cavidade de 28 metros de profundidade que abriga uma tumba em granito rosa.

"Os primeiros a se interessarem pela preservação da pirâmide foram os líderes da 26ª dinastia", nos séculos VII e VI a.C., disse à AFP Gamal Eddine, mostrando aos primeiros visitantes as milenares vigas de madeira que suportam, em alguns lugares, o teto do edifício.

Terremoto prejudicou estrutura

Os trabalhos de restauração se tornaram necessários após um terremoto danificar o interior da pirâmide em 1992.

Em 2014, uma polêmica surgiu na imprensa egípcia, que informou que a pirâmide de Djoser havia sido danificada pelas reformas.

À época, ONGs egípcias criticaram este trabalho, estimando que alterava a aparência original do monumento.

"Até 2015, os especialistas da Unesco apresentaram relatórios críticos sobre o projeto de restauração. Desde então, retomamos os trabalhos de acordo com os padrões da Unesco. Em 2018, a Unesco nos apresentou relatórios positivos", garantiu Enany hoje, referindo-se à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura.

O local, listado como Patrimônio Mundial da Unesco desde 1979, constitui a primeira necrópole familiar do Egito, uma prática introduzida pelo faraó Djoser.

Na mesma necrópole de Sacará, as autoridades egípcias revelaram em abril de 2019 um túmulo decorado com relevos coloridos e inscrições bem preservadas, pertencentes a um nobre da 5ª dinastia (entre 2.500 e 2.300 a.C.).

Nos últimos anos, as autoridades reforçaram consideravelmente sua comunicação em torno de descobertas arqueológicas, na esperança de atrair os turistas que abandonaram o Egito por causa dos distúrbios relacionados com a revolta de 2011.

Os sítios arqueológicos são um argumento importante para o Egito diante da concorrência de outros destinos turísticos e, neste contexto, Enany, ministro de Antiguidades desde 2016, também assumiu a pasta do Turismo em dezembro.

"Estamos trabalhando duro para construir um novo Egito (...), e a restauração de nossa herança está no topo das nossas prioridades", enfatizou o primeiro-ministro Mostafa Madbouli, presente na cerimônia desta quinta-feira, lembrando os muitos projetos gigantescos lançados por seu governo.

Entre eles, a construção da nova capital administrativa e do Grande Museu Egípcio (GEM). Ambos devem ser inaugurados no final de 2020.