Annabella Sciorra denuncia sua violação no julgamento de Harvey Weinstein
Nova York, 23 Jan 2020 (AFP) - A atriz de "Os Sopranos" Annabella Sciorra, que afirma que o produtor de Hollywood Harvey Weinstein a violentou nos anos 90, testemunhou nesta quinta-feira contra ele no segundo dia de seu julgamento em Nova York por crimes sexuais.
A atriz de 59 anos entrou no tribunal do estado de Manhattan usando um vestido azul marinho, de acordo com um jornalista da AFP presente na sala.
Weinstein, 67 anos, é acusado de praticar sexo oral com a ex-assistente de produção Mimi Haleyi contra sua vontade em 2006 e de estuprar a atriz Jessica Mann em 2013, em um caso emblemático pelo movimento #MeToo contra assédio e agressão sexual.
A promotoria espera que o testemunho de Sciorra ajude a convencer o júri de que o acusado é um predador sexual. Sua suposta violação ocorreu há tanto tempo que o crime foi prescrito e, portanto, não faz parte do processo.
Para fazer isso, é necessário demonstrar que Weinstein atacou sexualmente pelo menos duas pessoas. Se ele for considerado culpado pelos crimes dos quais é acusado, o ex-todo-poderoso produtor de filmes enfrentará uma sentença máxima de prisão perpétua.
A promotora-adjunta Meghan Hast afirmou na quarta-feira em suas alegações iniciais que Weinstein transformou Sciorra em viciada em Valium e "a estuprou violentamente" depois de invadir seu apartamento em Nova York, numa noite do inverno de 1993-1994.
Então ele fez sexo oral contra sua vontade, acrescentou a procuradora.
Hast disse que Sciorra estava em choque e com muito medo de chamar a polícia. Recentemente, contou sua história publicamente em outubro de 2017 ao jornalista Ronan Farrow da revista The New Yorker.
"Ele a deixou física e emocionalmente arrasada, desmaiada no chão", contou a procuradora.
Numa oportunidade posterior, Weinstein chegou ao quarto de hotel da atriz em Cannes em roupas íntimas, com uma garrafa de óleo de bebê em uma mão e uma fita de vídeo cassete na outra.
Sciorra deverá passar por um duro interrogatório por parte da defesa.
Em suas alegações iniciais, o advogado de Weinstein, Damon Cheronis, disse que Sciorra contou uma vez que "fez uma loucura" com o produtor de cinema.
"Não a descreveu como estupro porque não era", disse Cheronis.
Mais de 80 mulheres denunciaram Weinstein por assédio, agressão sexual ou estupro desde o escândalo sobre seus supostos abusos em outubro de 2017.
No entanto, a maioria dos crimes prescreveu e Weinstein só será julgado por supostos ataques contra Haleyi e Mann.
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