Jornalista marroquina presa por suposto aborto acusa polícia de tortura
Rabat, 5 Set 2019 (AFP) - O Ministério Público de Rabat confirmou nesta quarta-feira a acusação de "aborto ilegal" contra uma jornalista marroquina a partir de um relatório médico, contestado por esta jovem, que apresentará uma denúncia contra a polícia por "tortura".
As forças de segurança marroquinas prenderam, no sábado, Hajar Raisuni, de 28 anos, que trabalha no jornal de língua árabe Akhbar Al Youm, na saída de uma clínica após ser acusada de ter abortado de forma ilegal. Ela foi presa e aguarda julgamento, agendado para segunda-feira.
O procurador-geral do rei no Tribunal de Primeira Instância de Rabat indicou nesta quarta-feira em um extenso comunicado que informações médicas confirmavam "sinais de gravidez" e um "aborto voluntário tardio".
O magistrado explicou que essas informações eram uma resposta a quem tinha questionado os fatos, "considerando que a jornalista tinha sido acusada por pertencer a uma empresa midiática".
"A investigação judicial da pessoa afetada não tem nada a ver com sua profissão jornalística, mas se deve aos fatos considerados crime pelo código penal", afirmou.
Raisuni denuncia uma "armadilha política" em relação a seus artigos, segundo informaram pessoas próximas a ela.
Tuafik Buashrin, dono do jornal Al Youm, tinha sido condenado no fim de 2018 a 12 anos de prisão por um suposto abuso sexual, numa ação que o jornalista classifica como "processo político".
Os advogados de Raisuni vão denunciar a polícia e o MP por "tortura e tratamento desumano" para denunciar o "exame médico forçado" ao qual foi submetida após sua prisão, explicou à AFP seu tio, Suleyman Raisuni.
isb-sof/gk/eb/ll
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