Topo

Ex-secretária renuncia à cadeira na Academia que concede Nobel de Literatura

26/02/2019 11h25

Estocolmo, 26 Fev 2019 (AFP) - A ensaísta Sara Danius anunciou nesta terça-feira que renuncia a sua cadeira na Academia Sueca, que concede o prêmio Nobel de Literatura, quase um ano depois de ter abandonado o cargo de secretária permanente da instituição em meio a um escândalo de abusos sexuais.

A saída de Danius é o capítulo mais recente do escândalo que obrigou o adiamento da entrega do Nobel de Literatura ano passado, e que finalmente será entregue este ano, em conjunto com o de 2019.

"Decidi renunciar a minha cadeira, que já foi ocupada pela primeira mulher eleita para a Academia, Selma Lagerlöf. Foi uma honra", escreveu Danius em um comunicado.

Ensaísta e professora de Literatura na Universidade de Estocolmo, Danius, 56 anos, entrou para a Academia em 2013 e dois anos depois se tornou secretária permanente da entidade, um cargo sem precedentes para uma mulher desde a criação da instituição em 1786.

Desta maneira, Danius - uma intelectual apaixonada por moda e grandes festas - se tornou o rosto da Academia ao anunciar os vencedores do Nobel de Literatura entre 2015 e 2017.

A crise na Academia explodiu com um artigo demolidor publicado pela imprensa sueca no qual 18 mulheres denunciaram ter sofrido assédio e violência sexual de um intelectual francês, Jean-Claude Arnault, casado com uma acadêmica sueca e presidente de um centro cultural financiado pela própria Academia.

Danius contratou um escritório de advocacia para uma investigação interna, o que provocou uma forte reação dentro da Academia.

O escândalo gigantesco revelou um mundo marcado pelo uso de grandes quantias de dinheiro, rivalidades dignas de uma corte e várias denúncias à cultura de silêncio que protegeu Arnault.

A Academia sofreu a saída de vários integrantes e em abril do ano passado a própria Sara Danius renunciou ao cargo de secretária permanente, para permanecer apenas como ocupante de uma das cadeiras.

Anders Olsson, que atualmente é secretário permanente, afirmou que agora há três postos vagos na Academia. Ele afirmou que sem dúvida serão atribuídos a mulheres.

"É necessário para o equilíbrio entre homens e mulheres na Academia", disse.

gab/hdy/lch/ahg/age/fp