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Após ano de polêmicas, Facebook deverá reconquistar confiança

30/01/2019 21h00

San Francisco, 30 Jan 2019 (AFP) - Depois de um ano de pesadelo para o Facebook, abalado por uma série quase ininterrupta de polêmicas, a rede social tentará restaurar a confiança de usuários e investidores, publicando seus resultados anuais nesta quarta-feira (30).

E não será fácil para o grupo de Mark Zuckerberg, criticado, entre outros motivos, por servir como plataforma para manipulação política, ou por ter protegido mal os dados pessoais de seus usuários.

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Nesta quarta-feira ficou mais uma vez no centro das atenções após informações do site de notícia TechCrunch, que revelou que a rede social pagou usuários, incluindo adolescentes, para monitorar a atividade de seus smartphones, no âmbito de planos para conseguir dados que o ajudassem em seus esforços competitivos.

A companhia pagou a usuários de 13 a 35 anos até 20 dólares por mês para obter um acesso "de raiz" a seus aparelhos, com o objetivo de monitorar sua localização, o uso de aplicativos, os hábitos de consumo e outras atividades.

Neste contexto, a Apple disse à AFP nesta quarta-feira que revogou os certificados de programa que permitiam ao Facebook participar em seu programa de desenvolvimento empresarial de aplicativos para seus aparelhos.

"O Facebook esteve usando sua condição de membro para distribuir um aplicativo de coleta de dados de consumidores, o que é claramente um descumprimento de seu contrato com a Apple", disse a empresa em um comunicado.

Também em comunicado à AFP, o Facebook afirmou que não havia "nada secreto" nesta iniciativa. "Não estava 'espionando' já que todas as pessoas que se inscreveram para participar foram informadas convenientemente, foi pedida a sua autorização e foram pagas", apontou.

Até agora, a rede social conseguiu manter o impulso dos rendimentos graças a seu modelo de publicidade único. Sua base de usuários global se elevou a mais de 2,2 bilhões, embora o crescimento tenha se estagnado na América do Norte e na Europa.

No trimestre que terminou em setembro, obteve um lucro de 5,14 bilhões de dólares após um aumento dos rendimentos de 33%, chegando a 13,7 bilhões.

A eMarketer, que acompanha a indústria, espera que a participação do Facebook no mercado de publicidade digital global creça este ano, com a rede social reivindicando 20,5% de um total de 327,28 bilhões gastos.

- Tranquilizando usuários - Os analistas apontam que o mais importante para o grupo é restaurar a confiança.

"O Facebook precisa de um novo começo em 2019. Seus números sobre o número de usuários e seu volume de negócios no último trimestre vão nos dizer se isso é realmente possível", estima Debra Aho Williamson, da eMarketer.

"Para o Facebook seguir adiante, terá que mostrar que o número de usuários ativos mensais e diários se estabilizou nos Estados Unidos, no Canadá e na Europa, e que sua capacidade de aumentar sua receita de publicidade nessas importantes regiões não foi seriamente prejudicada pelos escândalos e investigações de 2018", acrescenta.

O Facebook enfrentou críticas de ter sido utilizado como uma plataforma para difundir informação enganosa, como foi o caso durante as presidenciais de 2016 nas que Donald Trump foi eleito.

Também está sob um grande escrutínio em relação a como maneja os dados pessoais confidenciais de seus usuários, com novas regras de privacidade vigentes na Europa e leis sob consideração em Washington.

Para Richard Windsor, analista autor do blog Radio Free Mobile, é provável que os custos continuem aumentando muito mais rápido que os rendimentos, já que o Facebook contrata mais pessoas para monitorar seu conteúdo.

- Um modelo de anúncios - A empresa também enfrenta desafios demográficos à medida que os usuários mais jovens migram para outras plataformas.

Porém, pode compensar essa mudança com os lucros obtidos através de outros serviços, cada vez mais bem-sucedidos, como Instagram, Messenger e WhatsApp, e de sua divisão de realidade virtual Oculus.

Ansioso para tranquilizar anunciantes, usuários e investidores, Mark Zuckerberg se pronunciou na semana passada em vários jornais internacionais.

Ele defendeu mais uma vez seu modelo de negócios baseado em publicidade e, portanto, na coleta de dados pessoais.

"Nós não vendemos os dados das pessoas", garantiu ele, assegurando que fornece aos usuários as ferramentas necessárias para controlar o uso de suas informações.

Em geral, os anunciantes se mantiveram fiéis ao Facebook, que permite a empresas grandes ou pequenas direcionarem suas mensagens a grupos demográficos específicos, com resultados mensuráveis.

"Há mais de 90 milhões de pequenas empresas no Facebook, e representam uma grande parte de nosso negócio", escreveu Zuckerberg no The Wall Street Journal.

"A maioria não podia se permitir comprar anúncios de televisão ou outdoors, mas agora têm acesso a ferramentas que só as grandes empresas podiam usar antes".

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