Topo

Suspeito de 20 anos é detido por ciberataque na Alemanha

08/01/2019 10h31

Berlim, 8 Jan 2019 (AFP) - A Polícia alemã anunciou, nesta terça-feira (8), a detenção de um jovem de 20 anos, após o ciberataque em massa contra centenas de políticos e personalidades que mobilizou o país.

O rapaz foi detido no domingo, em sua casa na região de Frankfurt, após uma operação de busca e apreensão em seu apartamento, acrescentou a Polícia, em um comunicado.

As forças da ordem anunciaram uma entrevista coletiva para hoje à tarde.

Segundo o site da revista "Der Spiegel", trata-se de um estudante que agiu sozinho e admitiu o ocorrido. Ele mora com os pais e não teria "se dado conta de todas as consequências de seu ato", afirma a página, citando um investigador.

- Mais de mil vítimas -Na sexta-feira, as autoridades alemãs divulgaram, pela conta no twitter @_0rbit, depois bloqueada, dados pessoais, ou profissionais, de cerca de mil políticos. Entre eles estão a chanceler Angela Merkel e vários de seus ministros.

Jornalistas e celebridades do mundo do entretenimento também foram alvo do suposto "hacker". Em dezembro, ele divulgou seus dados, dia após dia, como em uma contagem regressiva.

Os dados estavam em contas nas redes sociais, ou armazenados na "nuvem".

Nenhuma informação sigilosa chegou a ser vazada. Foram divulgados, sobretudo, contatos, endereços, conversas na Internet, documentos de identidade e administrativos, além de cartas.

Em alguns casos, fotos, endereços privados, ou números de celulares, também foram divulgados, como o da presidente do Partido Socialdemocrata, Andrea Nahles, que se declarou "muito afetada e ferida".

Foi seu antecessor, o ex-presidente do Parlamento Europeu Martin Schulz, que disparou o alerta das autoridades nesse caso. Na semana passada, ele entrou em contato com a polícia, depois de receber ligações de vários desconhecidos em seu celular.

Em relação a Angela Merkel, foram divulgados e-mails, já semipúblicos, e links para cartas que lhe foram enviadas.

- 'Ataque contra a democracia' -O caso complica o governo, acusado de descaso na luta contra a cibercriminalidade, principalmente porque as autoridades sabiam, desde dezembro, da ocorrência de ciberpirataria. E, mesmo assim, não avisaram os políticos e personalidades envolvidas.

Criticado por seu relativo silêncio desde a revelação do ciberataque, o bastante impopular ministro do Interior, Horst Seehofer, falará esta tarde. Ele é membro do partido bávaro CSU, aliado aos conservadores de Merkel.

A ministra da Justiça, a socialdemocrata Katarina Barley, classificou o roubo de dados como um "ataque a nossa democracia e suas instituições".

Em um primeiro momento, alguns especialistas suspeitaram de setores da extrema direita, argumentando que a Alternativa para a Alemanha (AfD) é o único dos partidos importantes da Alemanha a não ter nenhum de seus membros afetados.

Nos últimos anos, o Bundestag e os partidos políticos foram alvo de ciberataques provenientes, segundo Berlim, dos serviços secretos estrangeiros. A suspeita é de que "hackers" russos tenham organizado essas operações.

A Alemanha se preocupa, com frequência, com possíveis investidas da Rússia, em particular, para tentar influenciar o clima político nacional por meio de ciberataques, ou de ações para disseminar a desinformação.

ur-ilp/ylf/alm/tt