Topo

Escritor chinês Ma Jian brinca após ser confundido com ex-espião condenado

Ma Jian, chefe dos espiões chineses no tribunal e Ma Jian, o escrito chinês que vive no exílio - Divulgação e Joel Saget/AFP
Ma Jian, chefe dos espiões chineses no tribunal e Ma Jian, o escrito chinês que vive no exílio Imagem: Divulgação e Joel Saget/AFP

De Pequim (China)

28/12/2018 07h54

O escritor chinês no exílio Ma Jian preferiu recorrer à ironia, depois de ver que vários jornais publicaram sua foto para ilustrar uma notícia do ex-chefe da contraespionagem chinesa condenado à prisão perpétua, com quem compartilha o mesmo nome.

"Não contente com ter o mesmo nome que eu, o chefe de espiões corrupto Ma Jian, o ex-vice-ministro da agência responsável pela minha proibição de residência na China, também roubou os traços", brincou o autor no Twitter.

O ex-chefe da contraespionagem chinesa foi condenado à prisão perpétua por corrupção, na quinta-feira, por um tribunal de Liaoning (nordeste da China). Foi declarado culpado, sobretudo, por aceitar propina.

Os nomes de ambos, o ex-espião e o escritor, escrevem-se com os mesmos caracteres chineses.

"Meus filhos ficaram estupefatos ao saberem que não sou o autor de 'China Dream', que lhes fez saborear bolinhos de alga durante o jantar, mas sim um ex-chefe espião que acaba de ser preso para toda vida por aceitar 'subornos sumamente generosos'", ironizou Ma Jian em outro tuíte, referindo-se a várias matérias ilustradas com seu retrato.

"Sou um escritor proibido que sonha com ser um mestre espião corrupto, ou sou um mestre espião corrupto que sonha com ser um autor proibido?", continuou.

Os romances de Ma Jian, que vive em Londres, foram proibidos na China, depois que o governo chinês classificou de "contaminação espiritual" seu primeiro livro sobre as viagens de um jovem jornalista chinês no Tibete.

A ironia do destino também quis que o escritor voltasse à China há seis anos, depois de as autoridades lhe terem permitido acompanhar o enterro de sua mãe em uma autorização assinada, principalmente, por Ma Jian, o espião.

"É digno de Kafka. Ma Jian concedendo a permissão a Ma Jian", brincou o escritor no Twitter.