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Bélgica reabre seu museu da África, marcado pelo colonialismo

08/12/2018 11h43

Tervuren, Bélgica, 8 dez 2018 (AFP) - O grande museu belga dedicado a África reabre neste final de semana, após uma ampla renovação para mudar sua reputação de vestígio do passado colonial, um acontecimento na Bélgica salpicado de controvérsia sobre a restituição de bens culturais.

"A exposição permanente apenas havia evoluído desde 1958, dois anos antes da independência do Congo", recordou Bambi Ceuppens, responsável pela conservação das obras do museu da África, situado em Tervuren, ao sul de Bruxelas.

A coleção, inaugurada oficialmente neste sábado e volta a abrir ao público neste domingo, quer se mostrar radicalmente diferente, além de maior e mais moderna moderna, após cinco anos de obras por um valor de cerca de 70 milhões de euros.

Agora reivindica "um olhar crítico" sobre o passado colonial belga e a história dos objetos colecionados durante o reinado de Leopoldo II (1865-1909), que administrava o Congo como uma propriedade privada. Os belgas também colonizaram Burundi e Ruanda.

"Costumavam nos último museu colonial do mundo e quisemos mudar isso", destacou o diretor-geral, Guido Gryseels.

Como resultado, algumas esculturas consideradas caricaturais ou que glorificavam muito os colonos belgas foram armazenadas no subsolo do museu.

O museu conservou milhões de espécies zoológicas, mas amplia seus horizontes ao abrir salas dedicadas às paisagens, aos minerais, as línguas e as músicas da África.

A imprensa belga saudou esta remodelação. Um coletivo de associações de afrodescendentes pede ao Estado belga uma comissão de especialistas para determinar a procedência exata de objetos etnográficos, um total de 125.000.

E acusa o museu e sua equipe investigadora de não se comprometer o suficiente com a restituição.

Este debate tem muita ressonância na Bélgica, onde vivem cerca de 250.000 pessoas de origem africana, principalmente congolesa.

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