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Clube de golfe de Trump tem funcionários em situação ilegal, diz imprensa

06/12/2018 20h23

Nova York, 6 dez 2018 (AFP) - O luxuoso clube de golfe de Donald Trump em Nova Jersey tem empregado imigrantes em situação ilegal, apesar de o presidente repetidamente denunciar a imigração ilegal e insistir que os cargos devem ser ocupados pelos americanos, noticiou o jornal New York Times nesta quinta-feira (6).

A guatemalteca Victorina Morales, de 45 anos, é uma camareira no Trump National Golf Club em Bedminster desde 2013, quando foi contratada depois de apresentar documentos falsos. Suas tarefas incluem arrumar a cama de Trump quando ele se hospeda lá e limpar seu banheiro, reportou o Times.

Ela e a ex-funcionária Sandra Díaz, de 46 anos, que atualmente é residente legal, disseram ao Times que no clube há outros funcionários em situação ilegal, e que os supervisores tomaram medidas para evitar que sejam detectados e possam manter seus empregos.

Segundo o Times, não há provas de que Trump ou executivos de sua empresa familiar, a Organização Trump, estejam cientes do status migratório dos funcionários.

"Temos dezenas de milhares de empregados em nossas propriedades e temos práticas muito rígidas de contratação", disse um porta-voz da organização em uma mensagem enviada à AFP.

"Se algum funcionário apresentou documentação falsa na tentativa de burlar a lei, será demitido imediatamente", acrescentou.

Díaz lembrou que em 2012 Trump ficou com raiva porque uma de suas camisas de golfe, supostamente limpa, tinha manchas alaranjadas no colarinho, que a camareira atribuiu à sua maquiagem.

Tanto Díaz como Morales descreveram o presidente como exigente, mas gentil, às vezes distribuindo gorjetas de 50 ou 100 dólares.

Morales, que ganha 13 dólares por hora, disse que os funcionários estavam cada vez mais incomodados com a retórica negativa de Trump sobre os imigrantes hispânicos, e afirmou que um supervisor os chamava de "imigrantes ilegais estúpidos".

"Estamos cansados de abusos, insultos, do modo como ele fala sobre nós quando sabe que estamos aqui ajudando-o a ganhar dinheiro", disse ao Times.

"Suamos para atender a cada uma de suas necessidades e temos que suportar suas humilhações", reclamou.

Logo após o início de sua campanha presidencial, vários funcionários sem documentos foram demitidos. "Muitas pessoas foram embora", contou Morales.

O Times informou que a camareira pediu asilo e analisa a possibilidade de entrar com uma ação por discriminação e abuso no local de trabalho.

A força de trabalho civil americana inclui 7,8 milhões de imigrantes sem documentos, de acordo com o Pew Research Center.