Milhares de funcionários da Google se manifestam contra assédio sexual
Nova York, 1 Nov 2018 (AFP) - De Singapura a Nova York, passando por Dublin e Londres, milhares de funcionários da Google fizeram, nesta quinta-feira (1), uma greve simbólica para denunciar a gestão da direção dos casos de assédio sexual na corporação.
O movimento começou após um artigo do New York Times, publicado na semana passada, que causou indignação, já que o jornal afirmava que a Google havia acobertado nos últimos anos uma série de casos de assédio sexual que envolviam funcionários de alto escalão, alguns dos quais foram demitidos com indenizações generosas.
Entre eles está Andy Rubin, criador do sistema operacional Android e parte do grupo desde 2014, que recebeu uma indenização por demissão de 90 milhões de dólares após queixas por má conduta. Rubin negou as acusações.
Os organizadores do movimento pediram aos 90 mil funcionários da Google em todo o mundo que saíssem de seus escritórios às 11h00 em seus respectivos fusos para protestar contra a gestão dos casos de assédio.
A ação começou a se espalhar na Ásia, em Singapura, onde 100 funcionários se reuniram internamente, segundo uma foto publicada no Twitter pelos organizadores. Depois foi a vez de Tóquio, também de forma interna, e de Hyderabad, na Índia, segundo relatos posteriores às manifestações.
Mais tarde, o protesto chegou à Europa. Cerca de 500 funcionários se reuniram em uma área ao ar livre da sede europeia da Google em Dublin. Lá os funcionários fizeram uma greve simbólica de meia hora, comprovou um correspondente da AFP.
Em Londres, centenas de trabalhadores se reuniram em uma grande sala corporativa antes de irem às ruas.
Essa concentração é feita "em solidariedade a todas as vítimas de assédio sexual ou de maus-tratos em nossa empresa", explicou Kate, a organizadora da concentração, que não quis dar o seu sobrenome.
Também houve queixas em Berlim e Zurique, de acordo com a conta no Twitter dos organizadores.
Em Nova York, onde a Google emprega quase 10.000 pessoas, centenas de funcionários se encontraram em um parque perto do escritório de Chelsea da companhia.
Quatro mulheres e um homem faziam discursos aos manifestantes com um megafone para exigir uma mudança de cultura na Google, onde as mulheres representavam em 2017 apenas 31% dos funcionários, e 25% das posições gerenciais.
"Temos a ambição de ser a melhor companhia do mundo", disse a organizadora de Nova York, Demma Rodríguez. "Na Google, espera-se que sejamos excepcionais, que cumpramos os nossos objetivos, mas também temos metas como uma empresa e não podemos decidir que não as cumpriremos", acrescentou, referindo-se ao princípio de "respeito" promovido pela empresa.
Claire Stapleton, outra organizadora, agradeceu o sucesso do movimento, explicando que a ideia nasceu na segunda-feira e se espalhou pela empresa por meio de um grupo de e-mails.
"Acho que o nosso coletivo é poderoso e que todos queremos uma mudança (...) Acho que a gerência está nos ouvindo", disse à AFP.
Depois da nota do jornal, o chefe da Google, Sundar Pichai, enviou um e-mail aos funcionários do grupo dizendo que 48 funcionários, incluindo 13 executivos de alto escalão, haviam sido demitidos por assédio sexual sem compensação durante os últimos dois anos.
Pichai também defendeu que a empresa havia mudado a sua política interna e que não toleraria mais nenhum comportamento desse tipo.
Nos últimos anos, surgiram muitos casos de sexismo em companhias do Vale do Silício, acusadas de fazer vista grossa ao assédio sexual.
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