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Juiz de NY anula uma das acusações contra Harvey Weinstein

11/10/2018 21h12

Nova York, 12 Out 2018 (AFP) - Um juiz de Nova York anulou nesta quinta-feira (11) uma das seis acusações de agressão sexual contra Harvey Weinstein, uma vitória para o antes todo-poderoso produtor de Hollywood, cuja defesa assegura que o caso inteiro não se sustenta.

Weinstein, um dos produtores do cinema mais prestigiados do mundo, de 66 anos e acusado de estupro e agressão sexual por mais de 80 mulheres, ainda enfrenta na Justiça denúncias que poderiam colocá-lo atrás das grades pelo resto da vida.

Em liberdade após pagar uma fiança de um milhão de dólares, o acusado, que nega todas as acusações, deve usar uma tornozeleira com GPS. Nesta quinta, ele entrou na Suprema Corte estadual de Manhattan vestindo terno preto, camisa branca e gravata para a audiência, mancando um pouco.

No tribunal, ouviu o juiz deixar de lado a acusação apresentada contra ele por Lucia Evans, uma executiva uma executiva de Marketing que assegura que Weinstein a obrigou a fazer sexo oral nele em 2004, durante um casting nos escritórios da produtora Miramax em Manhattan.

Seu advogado de defesa, o famoso Ben Brafman - que conseguiu a anulação do processo por agressão sexual do ex-diretor do FMI Dominique Strauss-Kahn - disse ao tribunal que havia surgido evidência que contrdiz a versão de Evans.

Em um documento divulgado ao público nesta quinta-feira, mas já conhecido por ambas as partes e pelo juiz, a acusação reconhece que uma amiga de Lucia Evans contou em uma audiência em agosto que a ouviu dizer que fez sexo oral em Weinstein para obter um papel.

Esta versão foi negada por Evans em uma nova audiência, segundo o mesmo documento consultado pela AFP.

- 'Não se sustenta' -Embora Weinstein ainda enfrente na Justiça a acusação de estupro de uma mulher e de forçar outra mulher a fazer sexo oral nele, Brafman assegura que os novos desenvolvimentos invalidam todo o processo, que não se sustenta.

"Quando uma das principais acusações neste caso se baseia em um depoimento mentiroso, isso é um acontecimento muito, muito importante", afirmou.

"Acho que este grande júri está prejudicado de maneira irreparável. Acho que o caso contra Weinstein, na minha opinião, não se sustenta", acrescentou. "Não acho que (o juiz) tenha outra opção além de anular toda a acusação contra Harvey Weinstein".

A procuradora Joan Illuzzi-Orbon sustentou, contudo, que inclusive após a anulação de uma das seis acusações o governo "avança a todo vapor" com o caso.

Uma advogada de Evans defendeu a sua cliente e outras vítimas de agressões sexuais que se mobilizaram publicamente, impulsionadas pelo movimento #MeToo.

"Sua coragem em outubro passado, há um ano, inspirou inúmeras pessoas a contarem as suas experiências", disse a jornalistas em frente à corte.

"Mais de 80 mulheres acusaram Harvey Weinstein de violência sexual e se nosso sistema judiciário fracassa em torná-lo responsável criminalmente, então há algo muito ruim com o nosso sistema judiciário", disse.

A advogada assegurou que o caso contra Weinstein "está longe do fim" e disse que espera que a Promotoria avance nas denúncias apresentadas pelas outras duas mulheres ao tribunal.

Em agosto, Brafman já havia revelado dezenas de mensagens "quentes" enviadas por outra acusadora do magnata ao longo de quatro anos que, assim como o documento mencionado hoje na corte, tampouco foram levadas pela Promotoria ao grande júri, que decidiu acusar Weinstein, o que, na sua opinião, invalida a acusação.

A acusadora, que assegura que o produtor de cinema a estuprou em 2013, escreveu, por exemplo, "te amo, sempre amei" em 2017, quase quatro anos depois do suposto crime.

As revelações sobre Weinstein levaram ao surgimento do movimento #MeToo contra o assédio e a agressão sexual, que derrubou dezenas de homens poderosos em todos os setores e pede o julgamento, a condenação e a prisão de Weinstein.

A próxima audiência acontecerá em 20 de dezembro, anunciou o juiz.