Há 2000 anos, judeus davam a Jerusalém o mesmo nome que hoje
Jerusalém, 9 Out 2018 (AFP) - Israel revelou nesta terça-feira (9) uma pedra gravada com uma inscrição antiga atestando que o nome de Jerusalém em sua forma atual em hebraico já era utilizada há dois mil anos.
Arqueólogos desenterraram em Jerusalém, em fevereiro passado, uma coluna com a inscrição "Hananias, filho de Dodalos de Jerusalém", em língua aramaica e letras hebraicas, evocando o nome da cidade na forma usada hoje, Yeroushalaïm.
Mas Yeroushalaïm, tal como pronunciado nos dias atuais, foi documentado durante o período do Segundo Templo judeu (século I d.C) somente em raras ocasiões e em um contexto religioso ou político, explica David Mevorah, um funcionário do museu de Israel, onde a pedra está agora exposta.
O nome da cidade aparece várias centenas de vezes na Bíblia, quase sempre na forma de Yeroushalem, e apenas cinco vezes na forma Yeroushalaim, observa Yuval Baruch, funcionário da Autoridade Arqueológica de Israel. Yeroushalaim também aparece gravado em uma moeda judaica que data da Grande Revolta contra os Romanos (66-73 d.C).
O emprego de Yeroushalaim era ideologicamente carregado, diz David Mevorah. "Esta inscrição é importante porque se trata de algo do cotidiano, não há motivação religiosa ou messiânica ou vontade de propaganda. Temos aqui apenas uma pessoa que se identifica por meio de sua cidade".
"Agora temos a garantia de que, durante o período do Segundo Templo, algumas pessoas da área de Jerusalém utilizavam o mesmo nome que nós hoje, Yeroushalaim, quando pronunciavam, liam ou soletravam o nome da cidade", ressaltou.
"Nós nos demos conta que este nome tem uma raiz muito profunda, não é uma criação moderna, não foi forjada pela diáspora", aponta Baruch.
"Traga crianças (que leiam hebraico) aqui e elas serão capazes de ler 50% das letras" da inscrição, entusiasmou-se.
A pedra fazia originalmente parte de uma aldeia de ceramistas judeus datando do século II a.C., perto de Jerusalém.
O local, hoje em plena Jerusalém, foi convertido no início do século II d.C. pela 10ª Legião Romana em uma oficina de cerâmica. A mesma legião que destruiu Jerusalém e o Segundo Templo Judaico em 70.
A pedra foi reutilizada em uma fileira de colunas ao longo de uma bacia. Como foi retirada do seu contexto original, a sua função origial é desconhecida: Hananiah, artista ou artesão, fazia propaganda do seu ateliê ou a pedra constituía uma doação a um edifício público?, questiona Mevorah.
Quanto a Dodalos, provavelmente um apelido, ele provavelmente se refere a Daedalus e "à antiga tradição dos judeus que viviam aqui de adotar o modo de vida dos gregos" desde a conquista de Alexandre, o Grande, disse ele.
Como é frequentemente o caso em Jerusalém, as escavações foram lançadas após a abertura de um canteiro de obras.
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