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Amal Clooney pede a Aung Suu Kyi que liberte jornalistas

28/09/2018 23h49

Nações Unidas, Estados Unidos, 29 Set 2018 (AFP) - A famosa advogada de direitos humanos Amal Clooney pediu nesta sexta-feira (28) à líder birmanesa Aung San Suu Kyi que anistie os dois jornalistas da agência Reuters presos em seu país.

Os dois jornalistas, acusados de violar segredos de Estado de Mianmar quando cobriam o massacre de muçulmanos rohingya, foram condenados a sete anos de prisão este mês, sentença que provocou a indignação internacional.

Clooney disse que as famílias dos jornalistas já haviam apresentado um pedido de perdão para eles, e explicou que, segundo a lei birmanesa, o presidente pode conceder o perdão após consultar Suu Kyi, chefe do governo civil.

"O governo pode, se quiser, acabar com isso hoje", disse a advogada britânica e libanesa em um evento sobre a liberdade de imprensa à margem da Assembleia Geral das Nações Unidas.

Lembrou à líder de fato Suu Kyi que ela mesma, no passado, disse que a sua prioridade é libertar prisioneiros de consciência e falou da necessidade de uma imprensa livre para uma transição à democracia total no país.

"Ela sabe que o assassinato em massa não é um segredo de Estado e que expô-lo não transforma um jornalista em espião", disse Clooney.

Mais cedo este mês, Suu Kyi defendeu a prisão de Wa Lone, de 32 anos, e de Kyaw Soe Oo, de 28 anos, respondendo às críticas mundiais.

"Ela tem a chave, a chave de sua liberdade, a chave para reuni-los com seus filhos pequenos, a chave da liberdade de imprensa", assinalou Clooney. "A chave da verdade e da responsabilidade e a chave de Mianmar mais democrático e próspero". "A história a julgará por sua resposta".

Clooney recordou que quando era uma estudante em St. Hugh's College, Oxford, a prêmio Nobel da Paz, que estudou lá 30 anos antes, havia sido uma "heroína" para ela.

"Aung Sang Suu Kyi sabe melhor do que ninguém o que é ser preso político em Mianmar. Dormiu em uma cela na prisão onde agora dormem Wa Lone e Kyaw Soe Oo", declarou.

Amal, esposa do famoso ator de Hollywood George Clooney, anunciou em março que se juntaria à equipe legal que defende os jornalistas.

O caso indignou o mundo e é visto como uma tentativa de silenciar os jornalistas sobre a repressão do ano passado contra a minoria muçulmana rohingya no estado de Rakhine por parte das forças de segurança birmanesas.

"Operações de limpeza" do Exército empurraram 700 mil rohingyas para Bangladesh e segundo vários testemunhos, as forças de segurança cometeram atrocidades como estupros, assassinatos e incêndios.