Rede social para negros quer dar visibilidade a políticos e empreendedores
Rio de Janeiro, 23 Set 2018 (AFP) - A Black & Black, uma rede social brasileira indicada para negros, foi lançada dois meses antes das eleições com o objetivo de dar visibilidade a políticos e empreendedores e promover iniciativas, como o boicote de campanhas de marketing racistas.
A plataforma, que se apresenta como inédita no mundo, pretende "conectar as demandas e narrativas da população negra no mundo", para que "o povo negro tenha o protagonismo que merece", descreve o site oficial.
Idealizada pelo empreendedor social Celso Athayde, CEO da Favela Holding, a rede conta com cerca de 100 mil usuários, entre eles o ator Lázaro Ramos, o rapper MV Bill, a colunista Flávia Oliveira e o humorista Hélio de la Peña.
Segundo Athayde, a meta é chegar a um milhão de membros até as eleições de outubro e a 10 milhões no fim do ano.
A plataforma quer juntar pessoas com tendência a consumir "experiências black, atividades ou ações envolvendo questões de etnia", afirma Athayde.
"Movimentos negros, mulheres que falam de beleza negra, bailes blacks, religião afro... temos uma série de segmentos dentro do segmento negro, mas tudo espalhado", acrescenta. "Podem ter interesses diferentes, mas existe uma coisa que nos une: o sentimento de ser negro".
Essa necessidade de encontrar uma plataforma comum pode ser explicada pelo fato de que no Brasil, devido a séculos de miscigenação, o movimento negro é historicamente múltiplo e difuso, segundo Luana Génot, diretora executiva da ONG Instituto Identidades do Brasil.
A situação é diferente, por exemplo, da dos Estados Unidos, onde "a separação legal entre raças facilitou o surgimento de associações que ajudam a unificar a comunidade negra", acrescenta.
O Brasil foi o último país a abolir a escravidão na América, sem que isso tenha sido acompanhado de políticas para a inserção social dos negros.
Ações afirmativas como cotas raciais nas universidades surgiram nas últimas décadas para tentar compensar essa dívida histórica, o que permitiu o acesso dos negros a ambientes majoritariamente brancos e, com isso, o fortalecimento da identidade afro.
Athayde rejeita as críticas de que a Black & Black promove segregação: "Não estamos separando; reconhecemos a separação que já existe. Vivemos num país onde existe movimento negro e entidades públicas de combate ao racismo, prova de que existe preconceito racial".
- Sub-representação no Congresso -A interface da Black & Black é similar à do Facebook, com amigos, páginas e um feed, onde os usuários compartilham informações de interesse da comunidade negra - notícias, ofertas de emprego, atividades culturais, produtos e serviços.
Também é um espaço para fazer política, promovendo o encontro de candidatos negros aos governos estaduais e a cargos legislativos - há cerca de 600 na plataforma - com seu público.
O lançamento oficial da plataforma será em 2019, mas a versão beta foi disponibilizada no último dia 15 de agosto.
"Resolvemos antecipar o lançamento porque era uma oportunidade para os candidatos fazerem suas páginas, pedirem votos e serem apresentados às pessoas", diz Athayde.
O empresário ajudou a criar o partido Frente Favela Brasil, que hoje tem mais de 100 candidatos disputando cargos através de outras formações.
Embora sejam 55% da população brasileira, de acordo com o IBGE, os negros (cidadãos que se autodeclaram pretos ou pardos) representam apenas 20% dos membros da Câmara dos Deputados, e somam 46% dos candidatos às eleições de outubro, segundo dados do TSE.
"Os pretos não são eleitos porque quem permite que você seja eleito são os recursos financeiros, e eles não têm porque não são os empregadores. Portanto, não são prioridade nos partidos", avalia Athayde.
Segundo Athayde, essa sub-representação no Congresso reflete na falta de políticas e ações afirmativas em favor da população negra.
"A política define toda e qualquer regra desse jogo, e se você só tem brancos e homens nesse setor, obviamente eles só vão pensar no que interessa para eles", destaca.
- "Despertar medo" -Athayde enfatiza que o potencial de consumo da população negra, subestimado, é impulsionado nessa plataforma. Assim, pequenos empreendedores ou grandes companhias que têm produtos específicos para negros poderão se comunicar diretamente com seu público-alvo.
De acordo com o instituto de pesquisa Locomotiva, os negros movimentaram R$ 1,6 trilhão no Brasil em 2017, equivalente ao 17º maior mercado do mundo.
Athayde destaca ainda o potencial de mobilização, por exemplo contra campanhas de marketing racistas: "Não existe hoje um canal onde se possa se posicionar de forma permanente ou propor boicotes contra quem comete esses deslizes".
"Hoje não causamos medo em ninguém. Precisamos despertar um pouco de medo nas pessoas, e acho que essa plataforma começa a despertar isso. Se os pretos se juntarem, esse jogo pode começar a virar".
A rede passará por atualizações até chegar a uma versão final em dezembro, quando será disponibilizada também nos Estados Unidos, França e Espanha.
Pode ser acessada pelo site www.blackeblack.com e pelo aplicativo Black&Black.
A plataforma, que se apresenta como inédita no mundo, pretende "conectar as demandas e narrativas da população negra no mundo", para que "o povo negro tenha o protagonismo que merece", descreve o site oficial.
Idealizada pelo empreendedor social Celso Athayde, CEO da Favela Holding, a rede conta com cerca de 100 mil usuários, entre eles o ator Lázaro Ramos, o rapper MV Bill, a colunista Flávia Oliveira e o humorista Hélio de la Peña.
Segundo Athayde, a meta é chegar a um milhão de membros até as eleições de outubro e a 10 milhões no fim do ano.
A plataforma quer juntar pessoas com tendência a consumir "experiências black, atividades ou ações envolvendo questões de etnia", afirma Athayde.
"Movimentos negros, mulheres que falam de beleza negra, bailes blacks, religião afro... temos uma série de segmentos dentro do segmento negro, mas tudo espalhado", acrescenta. "Podem ter interesses diferentes, mas existe uma coisa que nos une: o sentimento de ser negro".
Essa necessidade de encontrar uma plataforma comum pode ser explicada pelo fato de que no Brasil, devido a séculos de miscigenação, o movimento negro é historicamente múltiplo e difuso, segundo Luana Génot, diretora executiva da ONG Instituto Identidades do Brasil.
A situação é diferente, por exemplo, da dos Estados Unidos, onde "a separação legal entre raças facilitou o surgimento de associações que ajudam a unificar a comunidade negra", acrescenta.
O Brasil foi o último país a abolir a escravidão na América, sem que isso tenha sido acompanhado de políticas para a inserção social dos negros.
Ações afirmativas como cotas raciais nas universidades surgiram nas últimas décadas para tentar compensar essa dívida histórica, o que permitiu o acesso dos negros a ambientes majoritariamente brancos e, com isso, o fortalecimento da identidade afro.
Athayde rejeita as críticas de que a Black & Black promove segregação: "Não estamos separando; reconhecemos a separação que já existe. Vivemos num país onde existe movimento negro e entidades públicas de combate ao racismo, prova de que existe preconceito racial".
- Sub-representação no Congresso -A interface da Black & Black é similar à do Facebook, com amigos, páginas e um feed, onde os usuários compartilham informações de interesse da comunidade negra - notícias, ofertas de emprego, atividades culturais, produtos e serviços.
Também é um espaço para fazer política, promovendo o encontro de candidatos negros aos governos estaduais e a cargos legislativos - há cerca de 600 na plataforma - com seu público.
O lançamento oficial da plataforma será em 2019, mas a versão beta foi disponibilizada no último dia 15 de agosto.
"Resolvemos antecipar o lançamento porque era uma oportunidade para os candidatos fazerem suas páginas, pedirem votos e serem apresentados às pessoas", diz Athayde.
O empresário ajudou a criar o partido Frente Favela Brasil, que hoje tem mais de 100 candidatos disputando cargos através de outras formações.
Embora sejam 55% da população brasileira, de acordo com o IBGE, os negros (cidadãos que se autodeclaram pretos ou pardos) representam apenas 20% dos membros da Câmara dos Deputados, e somam 46% dos candidatos às eleições de outubro, segundo dados do TSE.
"Os pretos não são eleitos porque quem permite que você seja eleito são os recursos financeiros, e eles não têm porque não são os empregadores. Portanto, não são prioridade nos partidos", avalia Athayde.
Segundo Athayde, essa sub-representação no Congresso reflete na falta de políticas e ações afirmativas em favor da população negra.
"A política define toda e qualquer regra desse jogo, e se você só tem brancos e homens nesse setor, obviamente eles só vão pensar no que interessa para eles", destaca.
- "Despertar medo" -Athayde enfatiza que o potencial de consumo da população negra, subestimado, é impulsionado nessa plataforma. Assim, pequenos empreendedores ou grandes companhias que têm produtos específicos para negros poderão se comunicar diretamente com seu público-alvo.
De acordo com o instituto de pesquisa Locomotiva, os negros movimentaram R$ 1,6 trilhão no Brasil em 2017, equivalente ao 17º maior mercado do mundo.
Athayde destaca ainda o potencial de mobilização, por exemplo contra campanhas de marketing racistas: "Não existe hoje um canal onde se possa se posicionar de forma permanente ou propor boicotes contra quem comete esses deslizes".
"Hoje não causamos medo em ninguém. Precisamos despertar um pouco de medo nas pessoas, e acho que essa plataforma começa a despertar isso. Se os pretos se juntarem, esse jogo pode começar a virar".
A rede passará por atualizações até chegar a uma versão final em dezembro, quando será disponibilizada também nos Estados Unidos, França e Espanha.
Pode ser acessada pelo site www.blackeblack.com e pelo aplicativo Black&Black.
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