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Altar descoberto na Guatemala mostra "Game of Thrones" da cultura maia

Detalhe do altar de 1.500 anos exibido na Guatemala - Johan Ordóñez/AFP
Detalhe do altar de 1.500 anos exibido na Guatemala Imagem: Johan Ordóñez/AFP

Da Cidade da Guatemala (Guatemala)

12/09/2018 20h42

Um altar de 1.500 anos de antiguidade, descoberto em um pequeno sítio arqueológico no norte da Guatemala, pôs em evidência as estratégias políticas para controlar cidades pela dinastia de reis maias Kaanul, que lembram a série de televisão da HBO "Game of Thrones".

O altar talhado em rocha calcária, de quase uma tonelada, foi encontrado no sítio arqueológico La Corona no departamento de Petén, na fronteira com México e Belize, disse a jornalistas Tomás Barrientos, codiretor do projeto que realiza as escavações e pesquisas no local.

Barrientos explicou que o altar foi encontrado em um templo e mostra o rei Chak Took Ich'aak, governante de La Corona, "sentado e segurando um cetro do qual emergem dois deuses padroeiros da cidade".

Segundo os estudos, a peça de 1,46 por 1,2 metro contém uma inscrição de hieróglifos maias datados de 544 D.C.

Segundo pesquisas anteriores, baseadas em outras descobertas, sabe-se que o mesmo rei governou, 20 anos depois, a cidade próxima de El Perú-Waka'.

O especialista indicou que essas evidências mostram que os senhores de Kaanul ou o Reino da Serpente gestaram em La Corona um movimento político que os levou a derrotar seus rivais de Tikal em 562 D.C., e a governar as terras baixas maias, no sudeste da Mesoamérica, por quase dois séculos.

Homem tira foto do altar maia encontrado na América Central - Johan Ordóñez/AFP - Johan Ordóñez/AFP
Homem tira foto do altar maia encontrado na América Central
Imagem: Johan Ordóñez/AFP

"Game of Thrones maia"

Barrientos apontou que os "movimentos políticos" se baseavam em alianças com cidades pequenas em volta de Tikal, para depois dar o golpe final.

Dentro dessas manobras para conseguir seus objetivos, revelados com a descoberta, está o casamento de uma princesa do Reino da Serpente com o rei de La Corona, acrescentou Barrientos.

"O altar nos mostra uma parte da história da Guatemala e neste caso, aproximadamente há 1.500 anos, eu diria que é a versão de Game of Thrones da história maia", disse Barrientos, ao comparar as estratégias de Kaanul com a popular série de fantasia medieval sobre famílias nobres disputando o controle de sete reinos.

Barrientos mencionou que com a descoberta do altar vão-se "preenchendo vazios" e "montando o quebra-cabeças" das relações políticas da cultura maia.

O altar "é uma obra de arte de altíssima qualidade que nos mostra que são governantes que estavam entrando em uma época de muito poder e que estão se aliando uns com os outros para competir, neste caso, com Tikal", acrescentou.

Explicou que La Corona "foi o lugar onde começa a se gestar talvez o movimento político mais importante na história maia".

O Reino da Serpente se expandiu a partir da sua capital Dzibanche, próxima ao que hoje é o norte da Guatemala, Belize e o estado mexicano de Campeche.

Depois de governar por 200 anos todo o Petén, foram finalmente derrotados pelos senhores de Tikal.