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Natalie Portman qualifica ataques a tiros em escolas dos EUA de "guerra civil"

A atriz Natalie Portman durante a première de "Vox Lux" no Festival de Veneza - Xinhua/Cheng Tingting
A atriz Natalie Portman durante a première de "Vox Lux" no Festival de Veneza Imagem: Xinhua/Cheng Tingting

De Veneza (Itália)

04/09/2018 17h32

A atriz de Hollywood Natalie Portman qualificou como "guerra civil" os ataques a tiros em escolas dos Estados Unidos, nesta terça-feira (4), comparando o tormento psicológico que eles causam à ameaça de ataques terroristas em Israel.

A atriz vencedora do Oscar fez a comparação antes da estreia de seu novo filme sobre uma diva pop traumatizada, "Vox Lux", que começa com um massacre no estilo do de Columbine.

"Tenho me interessado pelas questões em torno da psicologia do que a violência faz com os indivíduos e com a psicologia de massa há algum tempo, vindo de um lugar onde as pessoas vêm sofrendo violência por tanto tempo", disse a estrela israelense.

"Infelizmente, é um fenômeno que agora experimentamos regularmente nos Estados Unidos com os ataques a tiros nas escolas".

"Como (o diretor) Brady (Corbet) colocou, é um tipo de guerra civil e terror que temos nos EUA", disse a repórteres.

Os regulares assassinatos em massa estavam tendo um "impacto psicológico em cada criança indo para a escola todos os dias e em cada pai deixando seus filhos lá", acrescentou. "Pequenos atos de violência podem causar um tormento generalizado".

Portman, de 37 anos, interpreta uma cantora que fica gravemente ferida em um banho de sangue em sua escola, mas constrói uma carreira pop depois que canta em um memorial para seus colegas de classe.

O diretor do filme, Corbet, que era colegial no Colorado na época da matança de Columbine, confessou que o massacre o "marcou psicologicamente".

"Eu morava lá quando aconteceu. Foi perto da minha casa", disse.

Corbet, que é mais conhecido pela sua carreira de ator, estava editando sua premiada estreia na direção, "A infância de um líder", em Paris quando a cidade foi atingida por uma onda de ataques terroristas em 2015.

"Eu tinha um bebê de cinco meses naquele momento, e eu e minha esposa ficamos abalados com isso. Um restaurante que foi alvejado era um lugar que íamos algumas vezes por semana", disse.

Corbet descreveu sua história como uma "ruminação poética do que todos nós passamos. (...) Vivemos em uma era de ansiedade. Estamos tendo mais noites sem dormir do que nunca".

"Quando eu penso sobre o que definirá o início do século XXI, especialmente como um americano, é Columbine, 11 de setembro e a ameaça terrorista global que permeou todos os lugares onde eu vivi. Queria olhar para o que todos nós passamos nos últimos 20 anos", disse à revista Screen.

O diretor - um dos 21 que concorrem ao prêmio Leão de Ouro em Veneza, que será entregue no sábado - disse que levou um ano só para montar a trilha sonora do filme antes de começar a filmar.

"Vox Lux" é o segundo grande filme baseado na música pop a favorecer a ascensão de uma cantora em Veneza. Na semana passada, Lady Gaga recebeu boas críticas por sua estreia como protagonista em um remake de "Nasce uma estrela".