Starbucks se alia com Alibaba para competir na 'guerra do café" na China
Xangai, 2 Ago 2018 (AFP) - O grupo Starbucks entregará em breve na China pedidos de café feitos pela Internet, graças aos serviços da gigante do comércio eletrônico Alibaba, uma aliança que melhorará a posição da companhia americana na "guerra do café" no mercado chinês.
A partir de setembro, os consumidores das bebidas do Starbucks poderão fazer seus pedidos com apenas alguns cliques no aplicativo Ele.me, a plataforma de venda de comida do grupo Alibaba, que vai se encarregar da entrega com serviços de moto.
Essa aliança entre Starbucks e Alibaba, anunciada nesta quinta-feira (2) pelos dois grupos, dá-se em um contexto de grande concorrência para a multinacional americana na China, após o sucesso explosivo do grupo chinês Luckin Coffee, graças às entregas de seus pedidos por um aplicativo.
"Estamos convencidos de que a aliança com a Alibaba vai reforçar a cultura do café na China", garantiu entusiasmado o CEO da Starbucks, Kevin Johnson, em coletiva de imprensa em Xangai.
De acordo com Johnson, essa aliança vai constituir um "combustível poderoso" para impulsionar a estratégia digital do grupo, cujas vendas pela Internet são incipientes.
Os valores do acordo não foram anunciados.
As compras de comida pela Internet dispararam na China - um país onde o comércio digital é muito evoluído e presente. A maioria dos restaurantes colabora com algum aplicativo, como o Ele.me, o mais famoso deles.
o Starbucks ainda não tinha uma estratégia eficaz para aproveitar este boom.
As entregas de pedidos pelo Ele.me começarão em setembro em 150 estabelecimentos do Starbucks em Pequim e Xangai, antes de serem oferecidas no fim do ano em 30 cidades chinesas.
- Concorrência local -O Starbucks tem, atualmente, 3.400 cafés na China, mas espera dobrar esse número nos próximos quatro anos.
No país historicamente apaixonado por chá, o consumo de café disparou nas últimas décadas.
As lojas do Starbucks estão presentes nas grandes avenidas e centros comerciais das metrópoles chinesas.
Mas o crescimento do grupo americano enfrenta o surgimento de um concorrente local: a Luckin Coffee.
A start-up, que chegou ao mercado há apenas um ano, teve um sucesso instantâneo e já abriu 600 cafés no país. O Starbucks levou mais de uma década para ter o mesmo número de lojas na China.
A fórmula de sucesso da Luckin consistiu em oferecer grandes descontos e vender cafés bem mais baratos do que os da Starbucks.
O grupo, que anunciou nesta semana sua meta de chegar a 2 mil lojas até o fim deste ano, pretende desafiar o que chama de monopólio do Starbucks.
O vice-presidente do Luckin, Guo Jingyi, ironizou nesta quinta-feira a aliança entre Starbucks e Alibaba. Segundo ele, a empresa de Seattle "imita os outros e perde sua identidade".
- Aposta estratégica -O presidente da Starbucks preferiu não fazer nenhum comentário sobre o Luckin e defendeu que seu grupo "sempre enfrentou grande concorrência".
De fato, seus rivais ocidentais, como a empresa britânica Costa e a canadense Tim Hortons, também ampliaram sua presença na China.
Contudo, o Starbucks aposta em continuar crescendo no gigante asiático - enquanto vê sua clientela cair nos Estados Unidos, onde conta com 12 mil cafés.
Hoje, 15% de sua receita é proveniente do Sudeste Asiático.
O grupo de Seattle garantiu, em maio, que triplicará seu volume de negócios na China nos próximos quatro anos.
A previsão parece difícil de cumprir, já que o Starbucks reconheceu, recentemente, que suas vendas em vários cafés na China recuaram 2%.
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