Topo

Morre aos 76 o trompetista Tomasz Stanko, precursor do free jazz na Europa

O trompetista Tomasz Stanko, precursor do free jazz na Europa - Agencja Gazeta/Pawel Malecki via Reuters
O trompetista Tomasz Stanko, precursor do free jazz na Europa Imagem: Agencja Gazeta/Pawel Malecki via Reuters

De Varsóvia

29/07/2018 09h53

Trompetista virtuoso e precursor do free jazz na Europa nos anos 1970, o polonês Tomasz Stanko morreu neste domingo (29) aos 76 anos de idade, anunciou a rádio pública polonesa, de acordo com a filha do artista.

Desde o final dos anos 1950, Stanko transitava pelas cenas artísticas, primeiro na Polônia e depois no mundo, em busca de novas inspirações e linguagens musicais.

Mestre na arte da balada, este trompetista desenvolveu uma estética entre a tradição bebop, experimentação e música contemporânea improvisada.

Suas performances ao lado de outros gigantes do jazz mundial, e seus quarenta discos, incluindo pela alemã ECM, renderam-lhe muitos prêmios nos Estados Unidos e na Europa.

Ele foi o primeiro vencedor do European Jazz Prize do Austrian Music Office em 2002. Em 2013, a Academia Francesa de Jazz concedeu-lhe o Prix du Musicien Européen.

"Tudo me inspira", disse ele em entrevista à AFP, anos atrás. "O mundo nos oferece quantidades incríveis de obras geniais. Em todos os cantos do mundo, sempre houve artistas geniais, e em nossa era da comunicação e informação podemos finalmente conhecê-los", disse ele.

Natural de Rzeszow, Tomasz fez parte de uma geração de músicos de jazz poloneses que aderiu na década de 1960 a esta nova linguagem musical, graças ao programa "Voice of America" e aos primeiros discos de jazz que cruzaram a Cortina de Ferro.

"Para mim, tudo começou com o jazz moderno: Miles Davis, John Coltrane e Chet Baker", relatava Stanko.

Foi ouvindo-os que ele trocou o piano clássico e o violino pelo trompete.

"Na época, eu estava imerso no existencialismo, na nova onda do cinema francês e no neorrealismo italiano: pintura, livros de Faulkner e Joyce, boemia parisiense... Tudo me inspirava", lembrou.

"Os encontros com pessoas são muito importantes", frisou, assim como é o local do concerto: que seja no magnífico silêncio do mausoléu indiano Taj Mahal ou em uma sala ou tomada pela febre revolucionária Laranja da Ucrânia.