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Jornalista russo é morto a tiros em Kiev

29/05/2018 19h16

Kiev, 29 Mai 2018 (AFP) - O jornalista e escritor russo Arkadi Babchenko - crítico do Kremlin - foi morto a tiros nesta terça-feira (29) em Kiev, onde havia se exilado após receber ameaças por denunciar o papel da Rússia no conflito no lesta da Ucrânia.

"Aconteceu em sua casa, no bairro Dniprovski, em Kiev. Sua esposa estava no banheiro, ouviu um ruído seco. Quando saiu, viu seu marido ensanguentado", informou o porta-voz da polícia, Iaroslav Trakalo, à AFP, acrescentando que o jornalista "morreu na ambulância".

"Arkadi Babchenko morreu com três disparos nas costas na escadaria de seu edifício", escreveu no Facebook um de seus colegas, o jornalista Osman Pachaiev.

O jornalista apresentava há um ano um programa na televisão ucraniana privada ATR, informou Pachaiev.

Babchenko, de 41 anos, um crítico do presidente russo Vladimir Putin, havia abandonado a Rússia após receber ameaças. Ele primeiro morou em Praga e depois mudou-se para Kiev.

A polícia avalia como principal motivação do crime as atividades profissionais do jornalista, que antes de partir de Moscou havia cooperado com o jornal opositor Novaia Gazeta e a rádio Echo da capital.

Ao cobrir no leste da Ucrânia o conflito entre o Exército ucraniano e os separatistas pró-Rússia, que deixou mais de 10 mil mortos em quatro anos, Babchenko denunciou o papel da Rússia na guerra, confirmando a tese de Kiev e dos países ocidentais.

Babchenko abandonou a Rússia em fevereiro de 2017, após receber ameaças. Após permanecer na República Tcheca e em Israel, acabou se instalando em Kiev.

A morte do jornalista provocou grande comoção entre seus companheiros de profissão na Rússia.

"Arkadi Babchenko morreu com três tiros nas costas na escada de seu prédio quando voltava de uma loja", escreveu no Facebook um de seus colegas, o jornalista Osman Pachaiev.

O conselheiro do ministério ucraniano do Interior e deputado Anton Guerachenko acusou a Rússia pelo assassinato, uma hipótese compartilhada por jornalistas ucranianos.

"O regime de Putin tem como alvo os que não consegue quebrar ou intimidar", escreveu o deputado no Facebook.

Esta é a segunda vez em menos de dois anos que um jornalista crítico ao governo russo é assassinado na capital ucraniana.

Em 20 de julho de 2016, o bielorrusso Pavel Cheremet foi morto na explosão de uma bomba colocada sob seu carro quando guiava pelo centro de Kiev, em um caso ainda não solucionado.

Em março de 2017, o ex-deputado russo refugiado na Ucrânia Denis Voronenkov foi morto a tiros, também no centro de Kiev.