Wim Wenders apresenta documentário sobre o papa Francisco
Cannes, França, 14 Mai 2018 (AFP) - O papa Francisco sempre tentou levar sua mensagem humanista para além da comunidade católica. E o cinema do diretor alemão Wim Wenders lhe proporcionou uma tribuna idônea.
"A única arma" do pontífice argentino são as palavras, afirma Wenders em seu documentário "O papa, homem de palavra", coproduzido pelo Vaticano e apresentado no domingo no Festival de Cannes.
Mas estas são poderosas, porque "pregam pelo exemplo", diz o diretor de grandes documentários como "Buena vista social club" e "Pina".
Do meio ambiente à pedofilia, passando pelas relações familiares e o drama dos imigrantes, o papa aborda as questões urgentes que ameaçam o futuro da humanidade e oferece, de maneira simples e clara, sua visão para enfrentá-las.
"Não devemos ter medo da palavra revolução", argumenta o primeiro pontífice latino-americano da história.
- O homem que olha nos olhos -O espectador o acompanha em várias viagens à América Latina, sua visita aos refugiados desesperados na ilha grega de Lesbos, às vítimas de um tufão nas Filipinas e aos prisioneiros de uma penitenciária italiana.
Mas acima de tudo, vê Francisco cara a cara, quando ele olha diretamente para a câmera de Wenders. Seu semblante é, às vezes, preocupado, mas o sorriso não o deixa ao longo de uma hora e meia de documentário.
"Quando você olha, vê um homem que ama as pessoas. Ele é honesto e tem coragem (...) Ele sempre olha nos olhos e quando diz que somos todos iguais, ele realmente acredita nisso", disse Wenders a vários jornalistas em Cannes, incluindo da AFP.
O diretor, que se define como um cristão ecumênico e confessa sua admiração total ao protagonista de seu documentário, explicou que o Vaticano lhe propôs por carta o projeto ao final do primeiro ano de pontificado de Francisco em 2013.
Juntos, filmaram oito horas de entrevistas na Santa Sé. "No final de cada uma delas, estávamos exaustos", disse ele.
O filme, no entanto, quase não fala de sua biografia ou procura expor quem é Jorge Bergoglio, de 81 anos.
O papa também não mostra o seu dia a dia no Vaticano, nem sua relação com a Cúria ou as tensões com a ala mais conservadora.
- As "enfermidades" da Cúria -Wenders resgata, no entanto, algumas imagens eloquentes, do início de seu pontificado, quando se direige à Cúria, mencionando uma a uma todas as "enfermidades" que seus membros sofrem: ambição, ganância, pretensão de imortalidade...
"Pode-se ver como alguns cardeais, ambiciosos e ricos, ficam tensos, mas outros parecem dizer 'Sim, é por isso que escolhemos você'", diz o diretor.
Para este cineasta, "muitos na Cúria, acreditam que (Francisco) está indo rápido demais, longe demais. Pelo contrário, eu acredito que ele tem um pé no freio para que todos o acompanhem".
O papa, continua ele, "não tem medo". "Ele sabe o que fazer e quer ir o mais longe possível sabendo que não é mais tão jovem".
Wenders argumenta que o filme permitirá que a mensagem universal do papa seja levada a todas as comunidades.
"O filme não vai mudar o mundo. Mas este papado está mudando o mundo. Há muitas pessoas de boa vontade no planeta (ateus, budistas...) Todos podem tirar alguma coisa do filme".
O papa, no entanto, advertiu-o de que provavelmente não o veria: "Ele não gosta de olhar para si mesmo".
app-fg/es/acc/mr
"A única arma" do pontífice argentino são as palavras, afirma Wenders em seu documentário "O papa, homem de palavra", coproduzido pelo Vaticano e apresentado no domingo no Festival de Cannes.
Mas estas são poderosas, porque "pregam pelo exemplo", diz o diretor de grandes documentários como "Buena vista social club" e "Pina".
Do meio ambiente à pedofilia, passando pelas relações familiares e o drama dos imigrantes, o papa aborda as questões urgentes que ameaçam o futuro da humanidade e oferece, de maneira simples e clara, sua visão para enfrentá-las.
"Não devemos ter medo da palavra revolução", argumenta o primeiro pontífice latino-americano da história.
- O homem que olha nos olhos -O espectador o acompanha em várias viagens à América Latina, sua visita aos refugiados desesperados na ilha grega de Lesbos, às vítimas de um tufão nas Filipinas e aos prisioneiros de uma penitenciária italiana.
Mas acima de tudo, vê Francisco cara a cara, quando ele olha diretamente para a câmera de Wenders. Seu semblante é, às vezes, preocupado, mas o sorriso não o deixa ao longo de uma hora e meia de documentário.
"Quando você olha, vê um homem que ama as pessoas. Ele é honesto e tem coragem (...) Ele sempre olha nos olhos e quando diz que somos todos iguais, ele realmente acredita nisso", disse Wenders a vários jornalistas em Cannes, incluindo da AFP.
O diretor, que se define como um cristão ecumênico e confessa sua admiração total ao protagonista de seu documentário, explicou que o Vaticano lhe propôs por carta o projeto ao final do primeiro ano de pontificado de Francisco em 2013.
Juntos, filmaram oito horas de entrevistas na Santa Sé. "No final de cada uma delas, estávamos exaustos", disse ele.
O filme, no entanto, quase não fala de sua biografia ou procura expor quem é Jorge Bergoglio, de 81 anos.
O papa também não mostra o seu dia a dia no Vaticano, nem sua relação com a Cúria ou as tensões com a ala mais conservadora.
- As "enfermidades" da Cúria -Wenders resgata, no entanto, algumas imagens eloquentes, do início de seu pontificado, quando se direige à Cúria, mencionando uma a uma todas as "enfermidades" que seus membros sofrem: ambição, ganância, pretensão de imortalidade...
"Pode-se ver como alguns cardeais, ambiciosos e ricos, ficam tensos, mas outros parecem dizer 'Sim, é por isso que escolhemos você'", diz o diretor.
Para este cineasta, "muitos na Cúria, acreditam que (Francisco) está indo rápido demais, longe demais. Pelo contrário, eu acredito que ele tem um pé no freio para que todos o acompanhem".
O papa, continua ele, "não tem medo". "Ele sabe o que fazer e quer ir o mais longe possível sabendo que não é mais tão jovem".
Wenders argumenta que o filme permitirá que a mensagem universal do papa seja levada a todas as comunidades.
"O filme não vai mudar o mundo. Mas este papado está mudando o mundo. Há muitas pessoas de boa vontade no planeta (ateus, budistas...) Todos podem tirar alguma coisa do filme".
O papa, no entanto, advertiu-o de que provavelmente não o veria: "Ele não gosta de olhar para si mesmo".
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