Cacá Diegues afirma que cinema brasileiro vive seu melhor momento
Cannes, França, 13 Mai 2018 (AFP) - O cineasta Cacá Diegues, um dos fundadores do Cinema Novo nos anos 1960, elogiou os novos talentos do cinema brasileiro, durante a exibição em Cannes de seu novo filme, "O Grande Circo Místico".
Exibido na mostra oficial, fora de competição, o longa conta a história de cinco gerações de uma família circense. Através da saga, o cineasta, 77, descreve como a sociedade vai mudando e os novos problemas que ela tem que enfrentar, como as drogas e a pobreza.
O elenco do filme, rodado em Portugal, conta com o brasileiro Jesuíta Barbosa e o francês Vincent Cassel.
Pergunta: Como surgiu a ideia de contar a história de um circo?
Resposta: Fui espectador de circo durante muito tempo. Nasci no Nordeste do Brasil, uma região muito pobre, e a nossa diversão era o circo. E acredito que o cinema é o herdeiro do circo.
E principalmente está o poema "O Grande Circo Místico". Sou um leitor de Jorge de Lima, mas nunca pensei em fazer um filme sobre seus poemas, porque são muito literários e muito difíceis de adaptar. Mas deste poema fizeram um balé, e os personagens me encantaram. E pensei que era uma maneira de fazer alguma coisa de Jorge de Lima no cinema
P: No filme, observa-se um declínio da sociedade atual, para as drogas, a violência, a pobreza. Por que escolher o mundo do circo para retratá-lo?
R: Para mim, o circo é a coisa mais próxima do temperamento humano, da forma como as pessoas atuam.
P: O que representa o personagem "Celavi", que sobrevive a todas as gerações?
R: Esse personagem não existe no poema, eu o inventei porque precisava para unir as gerações. Celavi é o único que conhece as coisas, que vê as coisas. Explica a história que se passa na tela. É a voz, o contador.
P: No meio desse circo decadente há um pouco de otimismo?
R: É um filme para a vida, não contra a vida. Não é um filme pessimista, é otimista, principalmente no fim da história.
P: Este ano, o cinema latino está pouco presente na mostra oficial. A que você atribui isso?
R: Não se pode fazer dos festivais os juízes do cinema. Não são os festivais que decidem o que vale a pena ver, mas foram criados para mostrar o que foi realizado. É difícil para eles descobrir o cinema que não passa nos festivais, como o cinema latino. Para mim, estão equivocados, mas devem ter alguma razão. Não é sua culpa, é o que acontece hoje em dia no mundo: houve um momento em que a América Latina era muito interessante, mas, hoje, o mundo já não se interessa pela América Latina. E no cinema acontece o mesmo.
P: Como você vê a nova geração de cineastas brasileiros, como Walter Salles e Fernando Meirelles?
R: É formidável. Acho que o Brasil vive hoje o melhor período da história do cinema. Os jovens cineastas brasileiros têm muito estilo, personalidade, com uma diversidade que é muito importante. Porque o cinema brasileiro não pode ser uma única coisa, já que o Brasil é um país diverso.
Exibido na mostra oficial, fora de competição, o longa conta a história de cinco gerações de uma família circense. Através da saga, o cineasta, 77, descreve como a sociedade vai mudando e os novos problemas que ela tem que enfrentar, como as drogas e a pobreza.
O elenco do filme, rodado em Portugal, conta com o brasileiro Jesuíta Barbosa e o francês Vincent Cassel.
Pergunta: Como surgiu a ideia de contar a história de um circo?
Resposta: Fui espectador de circo durante muito tempo. Nasci no Nordeste do Brasil, uma região muito pobre, e a nossa diversão era o circo. E acredito que o cinema é o herdeiro do circo.
E principalmente está o poema "O Grande Circo Místico". Sou um leitor de Jorge de Lima, mas nunca pensei em fazer um filme sobre seus poemas, porque são muito literários e muito difíceis de adaptar. Mas deste poema fizeram um balé, e os personagens me encantaram. E pensei que era uma maneira de fazer alguma coisa de Jorge de Lima no cinema
P: No filme, observa-se um declínio da sociedade atual, para as drogas, a violência, a pobreza. Por que escolher o mundo do circo para retratá-lo?
R: Para mim, o circo é a coisa mais próxima do temperamento humano, da forma como as pessoas atuam.
P: O que representa o personagem "Celavi", que sobrevive a todas as gerações?
R: Esse personagem não existe no poema, eu o inventei porque precisava para unir as gerações. Celavi é o único que conhece as coisas, que vê as coisas. Explica a história que se passa na tela. É a voz, o contador.
P: No meio desse circo decadente há um pouco de otimismo?
R: É um filme para a vida, não contra a vida. Não é um filme pessimista, é otimista, principalmente no fim da história.
P: Este ano, o cinema latino está pouco presente na mostra oficial. A que você atribui isso?
R: Não se pode fazer dos festivais os juízes do cinema. Não são os festivais que decidem o que vale a pena ver, mas foram criados para mostrar o que foi realizado. É difícil para eles descobrir o cinema que não passa nos festivais, como o cinema latino. Para mim, estão equivocados, mas devem ter alguma razão. Não é sua culpa, é o que acontece hoje em dia no mundo: houve um momento em que a América Latina era muito interessante, mas, hoje, o mundo já não se interessa pela América Latina. E no cinema acontece o mesmo.
P: Como você vê a nova geração de cineastas brasileiros, como Walter Salles e Fernando Meirelles?
R: É formidável. Acho que o Brasil vive hoje o melhor período da história do cinema. Os jovens cineastas brasileiros têm muito estilo, personalidade, com uma diversidade que é muito importante. Porque o cinema brasileiro não pode ser uma única coisa, já que o Brasil é um país diverso.
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