Topo

Peça "Minha Luta", inspirada na obra de Hitler, é liberada na Alemanha

Edição alemã do livro "Mein Kampf" (Minha Luta) de Adolf Hitler - Tobias Schwarz/AFP
Edição alemã do livro "Mein Kampf" (Minha Luta) de Adolf Hitler Imagem: Tobias Schwarz/AFP

De Berlim (Alemanha)

18/04/2018 16h11

A Procuradoria de Constança, na Alemanha, negou nesta quarta (18), em nome da liberdade artística, proibir uma representação teatral satírica de "Mein Kampf" ("Minha Luta"), na qual se prevê a distribuição de suásticas e estrelas amarelas.

Segundo a agência DPA, a Procuradoria rejeitou várias queixas apresentadas ante o teatro de Constança, depois de prometerem ingressos gratuitos para os que aceitassem usar braçadeiras com suásticas na primeira apresentação da peça, na sexta (20), data de nascimento de Adolf Hitler.

A quem comprar o ingresso, "propomos usar uma estrela da Davi em sinal de solidariedade com as vítimas da barbárie nazista", dizem os responsáveis do teatro em seu site.

Os símbolos nazistas estão proibidos na Alemanha. O teatro diz querer demonstrar até que ponto é fácil corromper.

O diretor Serdar Somuncu - Felix Kästle/AFP PHOTO/DPA - Felix Kästle/AFP PHOTO/DPA
O diretor teatral Serdar Somuncu
Imagem: Felix Kästle/AFP PHOTO/DPA

A adaptação de "Mein Kampf", uma sátira ácida do húngaro George Tabori (1914-2007), que data de 1987, faz referência ao panfleto programático redigido por Adolf Hitler quando esteve na prisão, em 1924-1925, anos antes de chegar ao poder na Alemanha.

A sociedade germano-israelense na região do Lago de Constança e a Sociedade para a Cooperação Judaico-Cristã pediram um boicote à obra. Esta polêmica acontece em um momento no qual as autoridades alemãs se mostram inquietas pelo aumento do antissemitismo.

Além disso, nesta quarta-feira o governo denunciou uma suposta agressão contra dois judeus filmada por uma das vítimas em Berlim.

Dois jovens judeus, usando o tradicional quipá, foram agredidos na terça-feira à noite em um bairro abastado de Berlim por três jovens, entre os quais ao menos um falava árabe.

A luta contra o antissemitismo tem uma importância particular para o governo alemão, sempre seguido e sensibilizado pelo passado nazista do país.