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Justiça dos EUA se interessa por 'negócios' do advogado de Trump

13/04/2018 21h20

Nova York, 14 Abr 2018 (AFP) - A justiça americana se interessa há meses pelos "negócios" do conselheiro legal de Donald Trump, Michael Cohen, acusado de se dedicar a enterrar escândalos em que seu cliente estaria implicado, mais que às suas atividades de advogado, segundo um documento judicial registrado nesta sexta-feira (13).

Os escritórios de Cohen foram alvo de uma batida judicial na segunda-feira, em relação com a investigação do procurador especial Robert Mueller. Materiais e documentos foram apreendidos na operação.

No documento registrado nesta sexta-feira, os serviços do procurador federal de Manhattan Geoffrey Berman revelam que intervinham há meses nas contas de e-mail de Cohen.

Este controle realizado no âmbito de uma "investigação criminal" pôs em evidência que o advogado "não realizava nenhum trabalho jurídico", segundo o documento, que explica também que os investigadores suspeitam da existência de infrações "essencialmente concentradas em seus negócios pessoais".

Michael Cohen admitiu ter pago 130.000 dólares à atriz pornô Stormy Daniels em novembro de 2016. Ela afirma ter tido uma relação com Donald Trump em 2006 e 2007.

O mandatário nega ter tido conhecimento dessa transação, assim como também qualquer relação com Daniels.

Segundo o New York Times, Cohen também teria sido consultado pelo editor de imprensa David Pecker em relação ao testemunho de Karen McDougal, uma ex-playmate da revista Playboy que afirma também ter tido uma relação com Trump.

O National Enquirer, publicação emblemática do grupo de David Pecker, tinha aceitado comprar com exclusividade esta confissão por 150.000 dólares.

A revista The New Yorker diz, com base em declarações anônimas, que Pecker e o National Enquirer decidiram não publicá-la para preservar Trump, o que foi desmentido por eles.

Segundo o New York Times, Trump ligou para Michael Cohen nesta sexta-feira para "avaliar" a situação de seu fiel conselheiro legal.

Dado que o advogado está sob escuta telefônica, segundo o documento publicado nesta sexta, esta ligação pode entrar na investigação.

A imagem de enterrador de escândalos de Michael Cohen se fortaleceu na sexta-feira com a revelação de um pagamento de 1,6 milhão de dólares, orquestrado pelo advogado, a outra ex-playmate para comprar seu silêncio sobre uma relação com um captador de fundos do Partido Republicano.

Os advogados de Michael Cohen apelaram à justiça para que alguns documentos apreendidos sejam excluídos da investigação do procurador especial. Argumentam que muitos desses documentos estão cobertos pelo sigilo de comunicações entre advogado e cliente e em consequência não podem ser utilizados pela justiça.

Em uma audiência nesta sexta-feira, uma advogada que representa Trump, Joanna Hendon, indicou que o presidente tem um "grande interesse" neste procedimento do qual é parte, enquanto cliente de Michael Cohen e também está coberto pelo sigilo de comunicações.

A juíza federal Kimba Wood adiou o caso para que seja considerado na segunda-feira.

À espera de uma decisão sobre se a exclusão de documentos será realizada pela justiça ou os advogados de Cohen, os serviços do procurador federal de Manhattan se comprometeram a não examinar o material apreendido.

Já em meio à tormenta, Cohen reafirmou, no domingo, em sua conta de Twitter, sua fidelidade a Trump: "Sempre protegerei nosso presidente".