Facebook anuncia 'medidas adicionais' para proteger privacidade dos usuários
Washington, 28 Mar 2018 (AFP) - O Facebook anunciou nesta quarta-feira que tomará "medidas adicionais" para dar aos usuários um controle maior de seus dados privados, depois do escândalo Cambridge Analytica (CA), que colocou em xeque a poderosa rede social.
O upgrade da rede social inclui melhorar o acesso aos ajustes, atalhos para o menu de privacidade e as ferramentas para buscá-los, baixá-los e apagar os dados pessoais armazenados pelo Facebook.
A rede social anunciou que as novas medidas vão permitir que usuários aumentem rapidamente a segurança da conta, gerenciando quem pode ver suas informações e atividades no site e controlar os anúncios que veem.
"Ouvimos claramente que os ajustes de privacidade e outras ferramentas são muito difíceis de encontrar e que é preciso fazer muito mais para manter as pessoas informadas", afirmaram em um blog a chefe do setor de privacidade, Erin Egan, e a conselheira-geral adjunta Ashlie Beringer.
"Tomaremos medidas adicionais nas próximas semanas para dar às pessoas maior controle de sua privacidade".
Nas últimas semanas, o Facebook se viu em meio a um escândalo devido ao uso de dados pessoais de milhões de usuários por uma empresa britânica ligada à campanha de eleição presidencial de Donald Trump.
No começo deste mês, Christopher Wylie revelou que a empresa de pesquisa e análise de dados Cambridge Analytica (CA) obteve perfis de 50 milhões de usuários Facebook por meio de um aplicativo com um teste de personalidade.
O app foi baixado por 270 mil pessoas, mas também recolheu os dados de seus amigos sem consentimento - algo que era permitido pelas normas do Facebook na época.
Egan e Beringer também anunciaram atualizações dos termos de serviço e política de dados do Facebook para melhorar a transparência sobre como o site recolhe e usa os dados.
Contudo, alguns analistas dizem que o Facebook e seu CEO Mark Zuckerberg já fizeram promessas parecidas no passado.
"Zuck prometeu controles de privacidade mais fáceis e melhores 'nas próximas semanas' há oito anos", disse Zeynep Tufekci, professor da Universidade da Carolina do Norte que estuda mídias sociais, em um comentário no Twitter.
"Esta não é a primeira, nem a última, promessa descumprida. A solução não é passar o peso ao usuário, porque o problema é a externalidade negativa do modelo de negócios".
Jennifer Grygiel, uma professora de comunicação da Universidade da Syracuse, disse que as novas medidas "são tão obviamente importantes para os usuários que faz você se perguntar por que isso já não é feito".
Ela disse que o Facebook tem "alguns dos maiores talentos da indústrias" e que "sua interface anterior não foi um erro, foi um projeto".
Nesta quarta-feira, a Playboy anunciou que estava desativando todas as contas da empresa do Facebook devido à má administração de dados pessoais.
"As notícias recentes sobre a suposta má administração dos dados de usuários pelo Facebook consolidou nossa decisão de suspender nossas atividades na plataforma agora", disse a Playboy em nota.
- Crise agravada -Autoridades de todo o mundo estão investigando como o Facebook gerencia e compartilha dados privados, e suas ações caíram mais de 15%, perdendo bilhões de dólares em valor de mercado.
A crise também ameaça a indústria de tecnologia do Vale do Silício, cujo modelo de negócios gira em torno de dados coletados de usuários da internet.
A Comissão Federal de Comércio dos Estados Unidos anunciou nesta semana ter iniciado uma investigação sobre se a rede social violou as leis de defesa do consumidor ou um acordo aprovado em 2006 para a proteção de dados privados de usuários.
Os legisladores norte-americanos queriam levar o CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, a Washington para depor sobre o assunto.
Autoridades britânicas também pediram dados da CA em sua investigação, e funcionários da UE alertaram para consequências para o Facebook.
O Facebook pediu desculpas e prometeu corrigir o problema.
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