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Psicólogo que desenvolveu aplicativo da Cambridge Analytica acreditava que sistema era legal

21/03/2018 06h39

Londres, 21 Mar 2018 (AFP) - O psicólogo que desenvolveu o aplicativo que foi usado pela empresa Cambridge Analytica para obter os dados de milhões de usuários do Facebook, que foram utilizados com fins eleitorais, afirmou que acreditava que o mesmo era legal.

Aleksandr Kogan, professor de Psicologia da Universidade de Cambridge, disse à BBC que o que ele fez era "perfeitamente legal e ajustado aos termos de serviço".

"Minha opinião é que estou sendo usado basicamente como um bode expiatório", se defendeu Kogan, que é acusado de uso ilegal de dados pessoais

O pesquisador desenvolveu o aplicativo "This is Your Digital Life" (Esta é sua vida digital).

O método foi usado para reunir dados de 270.000 usuários do Facebook, mas também para obter os dados dos "amigos" das pessoas que utilizaram o aplicativo na rede social.

De acordo com um ex-funcionário da Cambridge Analytica, a empresa conseguiu dados de 50 milhões de pessoas que acabaram sendo usados para criar um programa destinado a prever e influenciar o voto dos eleitores.

"Honestamente, pensava que estávamos agindo de maneira apropriada, acreditava que fazíamos algo normal", disse o psicólogo, nascido na Moldávia e criado na Rússia até os sete anos, quando sua família se mudou para os Estados Unidos, de cordo com dados biográficos citados pelo "Varsity", um jornal de Cambridge.

O escândalo da Cambridge Analytica, cujos diretores acreditavam ter o poder de mudar tendências eleitorais, inclusive com o planejamento de escândalos com prostitutas e subornos para arruinar a reputação de candidatos, arrastou o Facebook, cuja proteção de dados dos usuários passou a ser questionada.

A Cambridge Analytica trabalhou para a campanha vitoriosa - contra todos os prognósticos - do presidente americano Donald Trump e, segundo os líderes do movimento britânico pró-Brexit, também para eles, embora a consultoria negue a atuação no referendo do Reino Unido.

O fundador e CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, foi convidado a dar explicações no Parlamento britânico, no Parlamento europeu e no Congresso americano.

A rede social proibiu que Cambridge Analytica e Aleksandr Kogan utilizem a plataforma.