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Morre Givenchy, símbolo da elegância francesa

12/03/2018 12h49

Paris, 12 Mar 2018 (AFP) - Ele vestiu Audrey Hepburn e Jackie Kennedy. Lenda da alta-costura, o estilista francês Hubert de Givenchy morreu aos 91 anos, depois de marcar o mundo da moda por meio século pela elegância de suas roupas e seus tubinhos pretos.

"O senhor De Givenchy faleceu enquanto dormia no sábado, 10 de março de 2018", informou em um comunicado à AFP o também estilista Philippe Venet, com quem compartilhou sua vida por vários anos.

Seu funeral será realizado "na intimidade da família", informou ainda.

Desde seu primeiro desfile em 1952 até sua aposentadoria, em 1995, a maison que levava seu nome, vendida em 1988 para o grupo LVMH, Hubert de Givenchy marcou o mundo da moda pela elegância de suas criações, como o famoso vestido tubinho preto usado por Audrey Hepburn em "Bonequinha de luxo" (1961).

"As roupas de Givenchy sãos as únicas nas quais me sinto eu mesma. Mais do que um estilista, ele é um criador de personalidade", dizia a atriz a respeito daquele que a vestia na vida e no cinema.

"Com o tamanho que ela tinha, qualquer coisa lhe caia bem", dizia o estilista sobre a atriz.

Entre os vestidos icônicos do estilista, figura o de corpete bordado usado por Jackie Kennedy na visita oficial do casal presidencial americano à França em 1961, ou o de luto usado em 1972 pela duquesa de Windsor - um vestido e casaco crepe de lã com cinto de couro.

"É inútil fazer coisa exageradas, devemos fazer roupas acima de tudo confortáveis e bem cortadas, e nunca devemos contrariar o tecido com muitos artifícios, ele deve mover-se sobre o corpo da mulher", explicava Givenchy, enquanto uma grande exposição homenageava seu trabalho no ano passado em Calais (norte da França).

- Um 'gentleman' -Nascido em 1927, Hubert James Taffin de Givenchy era apaixonado pela moda desde muito jovem. Ao ponto de ir a Paris aos 10 anos para conhecer o estilista Cristóbal Balenciaga, a quem admirava. O encontro muito aguardada demorou mais alguns anos para acontecer.

Começou sua carreira aos 17 anos, descobrindo simultaneamente o universo das mãos pequenas e a das socialites em busca de vestidos de noite. Sete anos depois, abriu sua casa de moda, estimulado pelo exemplo de Christian Dior, e estabeleceu-se como o couturier do "casual chic".

Seu encontro em 1953 com Balenciaga, seu "mestre", foi decisivo. Acentuou seu gosto pela roupa arquitetônica e um certo estilo que se tornará o estilo Givenchy: uma elegância sem ostentação, dando lugar para o conforto, como os tubinhos pretos apreciados por suas clientes internacionais.

Grande colecionador de arte, Hubert de Givenchy possuía muitas obras no castelo onde muitas vezes se refugiava com seu companheiro.

"Entre os criadores que colocaram Paris definitivamente no topo da moda mundial a partir dos anos 1950, Hubert de Givenchy deu a sua casa de modas um lugar à parte. Tanto por seus vestidos longos de gala, como por seus trajes diários, Hubert de Givenchy soube reunir duas qualidades raras: ser inovador e atemporal", reagiu Bernard Arnault, presidente da LVMH.

A maison Givenchy também prestou homenagem a seu fundador, uma "personalidade inesquecível do mundo da alta-costura francesa, símbolo da elegância parisiense durante mais de meio século".

"Hoje ainda, sua abordagem da moda e sua influência perduram. Sua obra continua sendo tão pertinente hoje como antes", acrescentou a empresa em um comunicado.

Já Clare Waight Keller, que apresentou sua primeira coleção de alta costura para Givenchy em janeiro, saudou a lembrança de um "gentleman" em sua conta no Instagram.

Mais de vinte anos depois de se aposentar do mundo da moda, o estilista mantinha um olhar crítico sobre os desenvolvimentos em sua profissão.

"Agora, acho que há uma espécie de despreocupação, acho que a moda tornou-se outra coisa e não posso dizer que estou entusiasmado. Há moda e modas", afirmou.