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"Mona Lisa africana" é vendida por mais de R$ 5 milhões

Mulher observa o quadro "Tutu", de Ben Enwonwu, que é chamado de "Mona Lisa africana" - AFP
Mulher observa o quadro "Tutu", de Ben Enwonwu, que é chamado de "Mona Lisa africana" Imagem: AFP

Da AFP

Em Londres (ING)

01/03/2018 08h26

Uma "Mona Lisa africana", ícone na Nigéria, foi vendida nesta quarta-feira em um leilão em Londres por 1,2 milhão de libras (R$ 5,3 milhão), quatro vezes mais que o estimado e um recorde do artista.

O quadro, um retrato da princesa Ife Adetutu Ademiluyi, apelidada "Tutu", pintado em 1974 pelo artista nigeriano Ben Enwonwu, estava estimado em entre 200.000 e 300.000 libras esterlinas (de 226.000 a 339.000 euros).

"O retrato de 'Tutu' é um ícone nacional na Nigéria, e tem um grande significado cultural. Estou contente de que isto tenha provocado tanto interesse e estabelece um novo recorde para o artista", comentou Giles Peppiatt, diretor de arte moderna africana da casa Bonhams.

Perdido de vista após ter sido exposto pela última vez em 1975, o retrato de "Tutu" foi encontrado em um apartamento de Londres.

"Eu a considero a Mona Lisa africana", disse à AFP o escritor nigeriano Ben Okri, premiado com o prestigioso Booker Prize. "Há 40 anos é uma pintura lendária, todo mundo falava dela e se perguntava 'onde está Tutu'?".

O artista "não representou simplesmente a jovem, representou toda a tradição (nigeriana). É um símbolo de esperança e de regeneração na Nigéria, ou seja, o símbolo da (ave) fênix renascendo de suas próprias cinzas", acrescentou Okri.

Ben Enwonwu pintou três versões diferentes de "Tutu", mas os três quadros desapareceram, até que Giles Peppiatt encontrou um deles na casa de particulares que o haviam contatado devido ao sucesso das vendas de arte nigeriana.

"Entrei naquele apartamento londrino e o vi pendurado na parede, era a última coisa que esperava encontrar ali", comentou Peppiatt à AFP.

Os quadros de "Tutu" se tornaram símbolos de paz após a guerra civil na Nigéria no final dos anos 1960.

"A modelo é iorubá e Ben Enwonwu era igbo, portanto pertenciam a diferentes etnias", disse à AFP Eliza Sawyer, especialista no departamento de arte africano da Bonhams. "Foi um símbolo importante de reconciliação" no país, acrescentou.