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Natalie Portman estrela "Aniquilação", uma ficção científica feminista

Jennifer Jason Leigh e Natalie Portman em cena de "Aniquilação" - Divulgação
Jennifer Jason Leigh e Natalie Portman em cena de "Aniquilação" Imagem: Divulgação

Los Angeles

15/02/2018 10h28

"Aniquilação" podia ser apenas mais uma grande produção de ficção científica inteligente e visivelmente extravagante, mas sua verdadeira audácia é contar com um elenco todo de mulheres.

Os filmes de mulheres - quase um gênero em si - ainda são raros e geralmente relegados à comédia ("Missão Madrinha de Casamento", "Viagem das Garotas", o remake de "Caça-Fantasmas", entre outros), seja musical, seja romântica.

Em "Aniquilação", Alex Garland - já aplaudido por "Ex  Machina: Instinto Artificial", lançado em 2015 sobre robôs que dominam os homens - põe em cena um grupo de mulheres cientistas. Elas são recrutadas para uma missão na Zona X, uma parte sinistra e misteriosa da costa americana, ao redor de um lugar secreto, onde caíram extraterrestres.

Natalie  Portman é uma bióloga e ex-militar, que se une à expedição para descobrir o que aconteceu com o marido, um membro das Forças Especiais gravemente ferido enquanto investigava essa região e seu estranho fenômeno.

"Nunca se ouviu falar... Você nunca tem a oportunidade de trabalhar com cinco incríveis papéis de mulheres", comemorou a premiada atriz, na pré-estreia mundial do filme, na terça-feira (13), em Angeles.

"Quero dizer que é difícil achar um (papel), e achar cinco juntos e ter a oportunidade de trabalhar com minhas irmãs e passar esse tempo juntas, e ver cada uma e aprender com cada uma... Isso é simplesmente notável", completou Natalie.

"Entre as tomadas, a gente sentava junta e se divertia, discutindo, contando piadas. Para mim, essa ficará como a imagem desse filme: nós cinco, em uma barraca, brincando", relatou a atriz.

Feminista assumida, ela foi uma das fundadoras do movimento Time's  Up, criado por centenas de mulheres de prestígio em Hollywood para lutar contra o assédio e contra as agressões sexuais no ambiente de trabalho.

"Donzela em perigo"

Nesta nova produção, Alex Garland, que já havia escrito o thriller apocalíptico "Extermínio" de Danny  Boyle, adaptou a aclamada série de Jeff Vander Meer, "Southern  Reach  Trilogy" (no Brasil, "Trilogia Comando Sul"; e seu vol. 1, "Aniquilação", publicado pela Editora Intrínseca).

A história se passa nos pântanos da Flórida, recriados no Windsor  Great Park, na Inglaterra, para esta filmagem. O local já foi um terreno de caça da família Real.

Na trama, Natalie  Portman divide a cena com Jennifer  Jason  Leigh ("Mulher solteira procura", "Os oito odiados"), Gina Rodriguez ("Jane The Virgin", "O touro Ferdinando"), Tessa  Thompson ("Creed: nascido para lutar", "Selma - uma luta pela igualdade") e Tuva  Novotny ("Comer, rezar, amar").

Já o marido de Natalie  Portman em "Aniquilação" é interpretado por Oscar Isaac, de 38 anos, um dos principais nomes de "Ex  Machina". Hoje um dos atores de maior destaque em Hollywood, muito em função de seu papel na última trilogia "Star Wars", neste filme ele está reduzido a ficar inconsciente no leito de um hospital. E assim permanece durante grande parte da projeção.

"Em geral, um grupo de caras vai para algum lugar, e eles salvam a única personagem feminina. E aqui é o contrário. Sou eu que faço a donzela em perigo. Foi bom", brincou.

Tessa  Thompson, de 34, observou que os três filmes de maiores bilheterias nos Estados Unidos no último ano tinham uma mulher como personagem principal: "Star Wars: Os Últimos Jedi", "A Bela e a Fera" e "Mulher-Maravilha".

Mesmo com um cartaz basicamente feminino, com atrizes de origem hispânica e negra, "Aniquilação" não é poupado de polêmicas, em uma indústria criticada cada vez mais por seu conservadorismo e discriminação persistentes, ainda que sob o verniz de discursos progressistas.

O filme foi acusado de ter "embranquecido" algumas personagens, já que os papéis de Natalie  Portman e de Jennifer  Jason  Leigh eram, na versão original, de uma asiática e uma ameríndia.

Nos Estados Unidos, a produção chega às telonas em 23 de fevereiro. Após testes que descrevem o filme como "muito intelectual", o estúdio Paramount decidiu vender os direitos internacionais para a Netflix - à exceção de China e Canadá -, alegando antecipar um fracasso de bilheteria.

Apesar da previsão pouco otimista, as primeiras críticas já são animadoras: "é o tipo de ficção científica que sempre tivemos vontade de ver", tuitou Ben Pearson, do site Slash Film.

"Audaciosa, complexa, singular, visualmente deslumbrante", elogiou.