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China quer acabar com as últimas transações com criptomoedas

05/02/2018 14h06

Pequim, 5 Fev 2018 (AFP) - O governo de Pequim quer acabar com as últimas transações em criptomoedas, como o bitcoin, que ainda são feitas na China, ao bloquear o acesso às plataformas estrangeiras e retirar seus aplicativos das plataformas móveis locais.

O objetivo é, em nome da "estabilidade financeira", apagar os "últimos focos" das moedas virtuais na China e dar fim à arrecadação de fundos em criptomoedas, "que voltam a crescer", explicou neste domingo a publicação oficial Jinrong Shibao, revista financeira sob a égide do banco central (PBOC).

O regime já havia endurecido o tom contra as moedas eletrônicas no ano passado: as plataformas de comércio sediadas na China tiveram que interromper suas operações em setembro, e as autoridades proibiram estritamente qualquer arrecadação de fundos para criptomoedas (ICO) no país.

Como consequência, grandes plataformas chineses, que detinham em agosto mais de 20% do volume mundial de bitcoins, passaram a ter menos de 1% dos intercâmbios globais de criptomoedas, segundo o Jinrong Shibao.

Mas o entusiasmo de alguns investidores chineses lhes estimulou a buscar alternativas, como sites especializados no comércio de criptomoedas, as transações diretas e pessoa a pessoa e os acessos a plataformas no exterior, em especial em Hong Kong e Japão, fora do alcance dos reguladores chineses.

- Constelação de canais -Nas redes sociais onipresentes chinesas (WeChat, QQ), ou russas (Telegram), foram criados fóruns de discussão muito populares para realizar transações de comum acordo, enquanto anúncios sobre moedas virtuais e operações de ICO proliferaram na internet da China.

É essa constelação de canais de intercâmbio, acessíveis a partir da China, que as autoridades querem encerrar, "reforçando sua supervisão de forma permanente", afirma o Jinrong Shibao.

De acordo com a publicação, os reguladores financeiros trabalharão com as autoridades de telecomunicações para fechar os sites de internet incriminados e bloquear os downloads de aplicativos que permitem o acesso a ICOs ilegais.

Também serão adotadas medidas não especificadas contra plataformas estrangeiras, e o PBOC mandou os operadores de sistemas de pagamento chineses iniciarem uma campanha de "retificação", para garantir que o dinheiro que transita em seus sistemas não provém do comércio de criptomoedas.

Esse novo aperto da China acontece quando o bitcoin - maior estrela das criptomoedas - está perdendo o brilho que tinha em 2017.

Nesta segunda-feira, ele era negociado a menos de 8 mil dólares, depois de ter se aproximado, em dezembro, dos 20 mil. Esse mercado é afetado pelo endurecimento dos reguladores na Ásia, pelos problemas de algumas plataformas e por uma valorização excessiva, com aspecto claro de uma bolha, e o medo de que estourasse.

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