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Chile se despede de poeta Nicanor Parra em frente ao mar

25/01/2018 16h35

Las Cruces, Chile, 25 Jan 2018 (AFP) - A poucos quilômetros de Pablo Neruda, em frente ao Oceano Pacífico, o poeta Nicanor Parra foi enterrado nesta quinta-feira (25) em Las Cruces rodeado por familiares e vizinhos que agradeceram por ter escolhido este povoado como última morada.

Diferentemente da multitudinária despedida que o poeta teve na quarta-feira na Catedral de Santiago, o percurso final dos restos mortais do vencedor do Prêmio Cervantes 2011, falecido na terça aos 103 anos, foi acompanhado por pouco mais de mil pessoas.

Uma cerimônia íntima na modesta paróquia La Asunción abriu a homenagem. Depois, o carro fúnebre seguido por parentes e pelo público percorreu as ruas de Las Cruces, na denominada rota dos poetas, onde também descansam Neruda e Vicente Huidobro.

A procissão chegou à porta da casa de Parra, onde foi enterrado após o meio-dia.

"Foi um grande poeta, embora eu conheça mais a família e a música de Violeta. Não leio muito e poesia menos ainda, mas quis vir me despedir", disse à AFP Regina Rincón, uma vizinha de Las Cruces.

Assim como em Santiago, a música de Violeta Parra, irmã do poeta, acompanhou cada momento da homenagem, na qual esteve presente a chefe de Estado chilena, a socialista Michelle Bachelet.

Poemas, flores e desenhos foram colocados na cerca de madeira que rodeia a casa do poeta. Abaixo, quase junto ao mar, seus restos mortais foram sepultados em uma cerimônia reservada à família.

Minutos depois, o público entrou para homenagear o criador de "Poemas y Antipoemas", um livro que rompeu com os esquemas da poesia mundial, e seguiu com dezenas de obras, sendo uma das mais recentes "Páginas en Blanco" (2001).

Assim se somou ao litoral chileno, banhado pelo Pacífico, um novo ponto de referência para a literatura mundial, já que em Isla Negra descansa o Prêmio Nobel Pablo Neruda, com quem Parra manteve uma relação de amor e ódio, e outro dos grandes nomes da poesia chilena, Vicente Huidobro, que escolheu a localidade de Cartagena, em Concón, como última morada.

Seus respectivos museus foram erigidos em Isla Negra e Cartagena para apresentar a obra e a vida dos poetas, aos quais, sem dúvida, em não muito tempo, o de Parra se somará.