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Concerto de música clássica interativo na França para atrair público jovem

Lille (França)

24/01/2018 16h53

"Todos estão conectados?", pergunta o maestro no auditório da Orquestra Nacional de Lille (ONL), no norte da França, onde os espectadores devem ligar seus celulares para poder interagir com "A Sagração da Primavera", de Igor Stravinsky.

Após ter dirigido o "Bolero" de Ravel, em um formato muito clássico, Alexandre Bloch, um maestro de 32 anos que se apresenta como um "geek" (apaixonado pelas novas tecnologias), anima os 1.400 espectadores a abrirem o aplicativo "Smartphony", especialmente concebido para o concerto.

"Vocês por acaso tinham sonhado ser maestros um dia?", pergunta Bloch a um público formado em grande parte por jovens. "Trata-se de algo inédito em nível mundial, podem ficar orgulhosos".

Em seguida, tem início uma série de pequenos jogos para que os espectadores mergulhem na obra de Igor Stravinsky (1882-1971), composta em 1913 e às vezes considerada difícil.

Após algumas perguntas sobre o balé, que causou escândalo em seu tempo, uma pergunta permite determinar os gostos musicais dos presentes: "A obra começa com um solo de fagote. Gostariam de escutar como teria ficado se Stravinsky tivesse encarregado este solo a...?".

Nos celulares, o público seleciona e vota majoritariamente no oboé, preferido ao trombone, violoncelo e arpa. Imediatamente, o som do oboé invade a sala, para o deleite da audiência.

Sem perder o caráter lúdico, um jogo chama a conhecer a importância do tempo. Enquanto a orquestra toca uma melodia de "A Sagração da Primavera", o público interfere na velocidade. Um medidor, projetado em uma tela gigante em cima dos 105 músicos, passa de "longo" a "prestíssimo", obrigando Alexandre Bloch a frear e acelerar com a baqueta.

- Um chamado aos jovens -Um último jogo, inspirado no "Guitar Hero", faz com que os mais jovens, sobretudo, aproveitem. Após esta sessão de jogos de cerca de uma hora, chega o intervalo, que os espectadores aproveitam para trocar impressões, antes de escutar a mesma obra na forma clássica.

"É uma ótima estreia, isto faz com que venham pessoas mais jovens que acreditam que a música clássica foi feita para as pessoas mais velhas, com uma cultura musical", considera Arnaud Bousiac, de 26 anos.

A maioria dos espectadores elogia a iniciativa, que poderia servir para que a música clássica chegue a novos públicos, um dos principais objetivos da ONL, que desde sua fundação, em 1976, tocou em presídios e jardins de infância em algumas ocasiões.

"É realmente muito bom, Alexandre Bloch explica a obra de forma muito lúdica", aponta Perrine, de 37 anos.

Bruno e Marie-Claude, assíduos da ONL, apreciaram a "originalidade" da experiência, que se repetirá em outro concerto no ano que vem.

No entanto, alguns apontam que a iniciativa ainda poderia melhorar.

Patrick, de 59 anos, expressou suas reservas em relação aos jogos. "Viemos para ouvir música, todos esses jogos foram um pouco longos... É preciso encontrar a medida certa", aponta.