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Segundo Ofxam, 1% mais rico detinha 82% da riqueza mundial em 2017

21/01/2018 22h26

Davos, Suíça, 22 Jan 2018 (AFP) - Em todo o mundo, 82% da riqueza mundial produzida no ano passado ficou nas mãos do 1% mais rico, e as mulheres pobres foram as menos beneficiadas pelo crescimento econômico, denunciou a ONG Oxfam em um relatório que será publicado na segunda-feira (22).

"O boom de bilionários não é sinal de uma economia próspera, mas um sintoma do fracasso do sistema econômico", afirmou a diretora da Oxfam, Winnie Byanyima, por ocasião da apresentação do relatório, intitulado "Recompensar o trabalho, não a riqueza", às vésperas da abertura do Fórum Econômico Mundial, em Davos (Suíça).

"Exploramos as pessoas que fabricam nossa roupa, que constroem nossos telefones celulares e cultivam os alimentos que comemos para garantir um fornecimento constante de produtos baratos, mas também para aumentar os lucros das empresas e seus ricos investidores", criticou a encarregada da organização não governamental que combate a pobreza, citada em um comunicado.

Segundo o relatório da Oxgam, 3,7 bilhões de pessoas, ou seja, 50% da população mundial, não se beneficiaram em dada do crescimento que o mundo experimentou no ano passado, enquanto o 1% mais rico embolsou 82% da riqueza mundial.

Desde 2010, ou seja, em plena crise após o estouro da bolha financeira em 2008, a riqueza desta "elite econômica" aumentou, em média, 13% por ano, explicou a Oxfam.

O pico foi alcançado entre março de 2016 e março de 2017, período em que "se produziu o maior aumento na história do número de pessoas, cuja fortuna supera o bilhão de dólares, a um ritmo de nove novos bilionários a cada ano".

Na América Latina, a riqueza dos bilionários cresceu 155 bilhões de dólares no último ano.

"Esta quantidade de riqueza seria suficiente para acabar quase duas vezes com toda a pobreza monetária por um ano na região", segundo a Oxfam.

Para a organização, as mulheres operárias são as que se encontram "na parte mais baixa da pirâmide".

"Em todo o mundo, as mulheres ganham menos que os homens e estão super-representadas nos empregos menos remunerados e mais precários", disse.

"Da mesma forma, a cada 10 novos bilionários, 9 são homens", acrescentou.

Na América Latina, as mulheres trabalham quase o dobro de horas dos homens em trabalhos não remunerados.

A Oxfam costuma publicar seu relatório logo antes do tradicional encontro anual da elite mundial em Davos.

A diretora da ONG propôs limitar os dividendos dos acionistas e dirigentes de empresas, o fim do "abismo salarial" entre homens e mulheres e a luta contra a evasão fiscal.

Segundo pesquisa realizada para a Oxfam em dez países, dois terços dos 70.000 consultados consideram "urgente" abordar o abismo entre ricos e pobres.

A pesquisa foi realizada em Índia, Nigéria, Estados Unidos, Reino Unido, México, África do Sul, Espanha, Marrocos, Holanda e Dinamarca.