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Cineasta Paul Haggis é acusado de agressões sexuais

06/01/2018 09h23

Nova York, 6 Jan 2018 (AFP) - Quatro mulheres denunciaram o diretor canadense vencedor do Oscar Paul Haggis por abuso sexual, de acordo com um processo civil apresentado na sexta-feira (5) em Nova York.

O processo judicial, enviado à AFP pelos advogados das demandantes, se dá após uma primeira ação judicial interposta em 15 de dezembro de 2017 na Suprema Corte de Nova York por uma mulher, Haleigh Breest, que acusou o diretor de "Crash - No limite" e roteirista de "Menina de Ouro" e "007 - Cassino Royale" de tê-la estuprado em janeiro de 2013, quando tinha 26 anos.

Haggis, de 64 anos, também conhecido por ter rompido com a Cientologia, apresentou no mesmo dia uma denúncia contra Breest. Ele nega as acusações e acusou a agente de "exigir milhões de dólares" para evitar ser processado.

Na citação judicial, as três novas supostas vítimas permanecem anônimas, identificadas apenas como Jane Doe 1, Jane Doe 2 e Jane Doe 3.

A denúncia afirma que "desde que a Sra. Breest apresentou uma denúncia, três outras mulheres vieram à luz e denunciaram Paul Haggis por estupro e abuso sexual".

De acordo com o relatado pelas vítimas, Jane Doe 1, que trabalhou com o cineasta em um programa de televisão, foi atacada em 1996 durante uma reunião, que ele supostamente exigiu que fosse realizada em um escritório isolado.

Essa mulher o acusa de beijá-la a força, antes de obrigá-la a masturbá-lo e estuprá-la.

Haggis teria abusado em 2008 de Jane Doe 2, uma jovem que queria propor uma ideia para um espetáculo, durante uma reunião no escritório do diretor. Ele supostamente tentou beijá-la.

Jane Doe 3, uma jovem que se encontrou com Haggis em um festival de cinema, diz que ele abusou dela em 2015. O diretor teria tentado beijá-la e depois a agarrou enquanto tentava fugir em um táxi. Ela só conseguiu escapar dele quando o golpeou enquanto tentava entrar em seu prédio.

Para o escritório de advocacia Emery Celli Brinckerhoff & Abady, esses testemunhos mostram que "Haggis é um predador em série que vem atacando mulheres há anos".

Contactada pela AFP, uma advogada de Haggis, Christine Lepera, preferiu não responder às acusações. Mas, em uma declaração enviada ao site Deadline, disse que o cineasta "nega as acusações anônimas em bloco" e descreveu a nova demanda como "uma nova tática para prejudicá-lo e (...) obter dinheiro".

No dia 1º, mais de 300 mulheres de Hollywood, entre elas Meryl Streep e Cate Blanchet, revelaram uma iniciativa para enfrentar o assédio sexual generalizado na indústria do entretenimento e em outros empregos "menos glamourosos" em todo os Estados Unidos.

A iniciativa, chamada Time's Up, inclui um fundo de defesa legal que até agora arrecadou 13,4 milhões de dólares da sua meta de 15 milhões para proporcionar apoio legal subsidiado a mulheres e homens que foram sexualmente assediados, agredidos ou abusados em seu local de trabalho.

O movimento se formou depois de que uma avalanche de acusações pôs fim à carreira de homens poderosos do entretenimento, dos negócios, da política e dos meios de comunicação, provocada pelo escândalo de má conduta sexual do produtor de Hollywood Harvey Weinstein.