Trump retuíta vídeos antimuçulmanos e é criticado
Washington, 30 Nov 2017 (AFP) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, retuitou nesta quarta-feira (29) vídeos com conteúdo antimulçumano publicados no Twitter por um grupo britânico de extrema direita, causando indignação no Reino Unido, incluindo na primeira-ministra Theresa May.
Os vídeos, publicados por Jayda Fransen, vice-presidente do grupo Britain First, mostram supostos muçulmanos em atitudes agressivas, sob títulos como "imigrante muçulmano bate em menino holandês com muletas", ou descreve uma máfia islamita que empurra um adolescente de um telhado.
Em um terceiro vídeo outro suposto muçulmano derruba e destrói uma estátua da Virgem Maria. Esta gravação, que está no YouTube desde 2013, é descrita como a destruição de uma imagem por um jihadista na Síria.
Britain First, grupo criado em 2011 e conhecido por protestar em frente a mesquitas, fracassou nas eleições no Reino Unido e para o Parlamento Europeu.
No ano passado, Fransen foi declarada culpada por crime de ódio depois de insultar uma mulher muçulmana que usava um véu.
A porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders, considerou que a veracidade dos vídeos não era a questão. "A ameaça é real, é disso que o presidente fala: da necessidade de segurança nacional e dos gastos militares. São coisas muito reais. Não há nada de falso nesses assuntos".
- "Não é amigo nosso" -Embora Trump tenha se limitado a retuitar os vídeos sem tecer comentários, sua ação despertou rapidamente críticas no Reino Unido, incluindo a primeira-ministra Theresa May e vários deputados.
"Os britânicos rejeitam unanimemente a retórica tendenciosa da extrema-direita, que é a antítese dos valores que este país representa: decência, tolerância e respeito. O presidente cometeu um erro", disse o porta-voz de May.
Horas mais tarde, Trump respondeu a May pelo Twitter: "Theresa @theresamay, não foque em mim, foque no destrutivo Terrorismo Islâmico Radical no Reino Unido. Nós vamos bem".
Brendan Cox, viúvo da deputada Jo Cox - que foi assassinada por um grupo de extrema direita no ano passado - disse: "Trump legitimou a extrema direita em seu próprio país, agora tenta fazê-lo no nosso".
"Propagar o ódio tem suas consequências e o presidente deveria ter vergonha de si mesmo", acrescentou.
O deputado opositor trabalhista David Lammy considerou que Trump "promove um grupo fascista, racista e extremamente odioso, cujos líderes foram presos e condenados". "Ele não é um aliado ou amigo nosso", disse ele.
Enquanto isso, o deputado Stepehn Doughty, também do Partido Trabalhista, afirmou que os vídeos eram "altamente incendiários", e sua colega Yvette Cooper considerou que Trump deu a Fransen uma "enorme plataforma".
Nesta quarta-feira, Fransen e Paul Goldin, líder do Britain First, deveriam comparecer perante um tribunal em um caso por uso de "palavras ou comportamentos ameaçadores, abusivos ou insultantes" durante um discurso que a mulher pronunciou em Belfast.
As intervenções da Trump na política e relações exteriores do Reino Unido prejudicaram a "relação especial" entre os dois países.
O presidente americano irritou as autoridades britânicas com seus tuítes sobre terrorismo nesse país.
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