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Trump é criticado por retuitar vídeos antimuçulmanos

29/11/2017 16h06

Washington, 29 Nov 2017 (AFP) - O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, retuitou nesta quarta-feira (29) vídeos com conteúdo antimulçumano publicados no Twitter por um grupo britânico de extrema-direita, provocando indignação no Reino Unido.

Os vídeos, publicados por Jayda Fransen, vice-presidente do grupo Britain First, mostram supostos muçulmanos em atitudes agressivas.

Em um dos vídeos, um suposto muçulmano agride um menino holandês de muletas. Outro vídeo descreve uma máfia islamita que empurra um adolescente de um telhado.

Um terceiro vídeo mostra um muçulmano derrubando e destruindo uma estátua da Virgem Maria. Esta gravação, que está no YouTube desde 2013, é descrita como a destruição de uma imagem por um jihadista na Síria.

Trump se limitou a retuitar os vídeos, sem tecer comentários próprios.

Britain First, grupo criado em 2011 e conhecido por protestar em frente a mesquitas, fracassou nas eleições no Reino Unido e para o Parlamento Europeu.

No ano passado, Fransen foi declarada culpada por crime de ódio depois de insultar uma mulher muçulmana que usava véu.

"Os britânicos rejeitam unanimemente a retórica tendenciosa da extrema-direita, que é a antítese dos valores que este país representa: decência, tolerância e respeito. O presidente cometeu um erro", reagiu Britain First, porta-voz da primeira-ministra britânica, Theresa May.

Brendan Cox, viúvo da deputada Jo Cox - que foi assassinada por um grupo de extrema-direita no ano passado - disse: "Trump legitimou a extrema-direita em seu próprio país, agora tenta fazê-lo no nosso".

"Propagar o ódio tem suas consequências e o presidente deveria ter vergonha de si mesmo", acrescentou.

O deputado do Partido Trabalhista, David Lammy, considerou que Trump "promove um grupo fascista, racista e extremamente odioso, cujos líderes foram presos e condenados".

"Ele não é um aliado ou amigo nosso", disse ele.

Enquanto isso, o deputado Stepehn Doughty, também do Partido Trabalhista, afirmou que os vídeos eram "altamente incendiários", e sua colega Yvette Cooper considerou que Trump deu a Fransen uma "enorme plataforma".

Nesta quarta-feira, Fransen e Paul Goldin, líder do Britain First, deveriam comparecer perante um tribunal em um caso por uso de "palavras ou comportamentos ameaçadores, abusivos ou insultantes" durante um discurso que a mulher pronunciou em Belfast.

As intervenções da Trump na política e relações exteriores do Reino Unido prejudicaram a "relação especial" entre os dois países. O presidente americano irritou as autoridades britânicas com seus tuítes sobre terrorismo nesse país.

E esse novo incidente não deve ajudar o governo de Theresa May a concretizar a visita de Estado ao Reino Unido de Trump, num momento em que Londres busca formar alianças alternativas diante do Brexit.

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