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Republicanos querem transformar caso Harvey Weinstein em escândalo político

11/10/2017 23h51

Washington, 12 Out 2017 (AFP) - O escândalo provocado pelas acusações de agressões sexuais contra o produtor de cinema Harvey Weinstein chegou ao âmbito político, onde o Partido Democrata é acusado de ter demorado para se distanciar de um de seus generosos doadores.

Desde a semana passada, Harvey Weinstein, de 65 anos, é acusado de ter assediado sexualmente atrizes jovens, modelos e funcionárias desde os anos 1990.

Após vários dias de silêncio, Hillary Clinton disse, na terça-feira (10), que estava "chocada e horrorizada" com as revelações sobre Weinstein, enquanto Barack e Michelle Obama declararam estar "enojados".

"Hillary levou cinco minutos para acusar a NRA após o atentado cometido por um louco, mas cinco dias para denunciar, a contragosto", Harvey Weinstein pelas agressões sexuais, comentou Kellyanne Conway, assessora do presidente Donald Trump.

"Talvez agora Hollywood pare de dar estúpidas lições de moral", acrescentou o filho mais velho do presidente, Donald Jr.

O Partido Republicano aproveitou a ocasião para acusar os democratas de hipocrisia. "É preciso passar da palavra à ação: devolvam todo o dinheiro sujo de Harvey Weinstein", afirmou o partido em um vídeo divulgado nesta quarta-feira.

Alguns senadores democratas entregaram as doações que receberam de Weinstein a organizações de caridade ou de defesa das mulheres, e o Partido Democrata, que durante anos recebeu centenas de milhões de dólares do produtor, anunciou sua intenção de devolver parte do dinheiro.

Nas últimas duas décadas, o produtor deu pessoalmente 1,4 milhão de dólares a candidatos, comissões democratas e ao próprio partido, segundo o Center for Responsive Politics. Além disso, fez campanhas para arrecadar centenas de milhares de dólares para Barack Obama e Hillary Clinton.

Atrizes famosas - entre elas Mira Sorvino, Rosana Arquette, Gwyneth Paltrow, Angelina Jolie, Emma de Caunes e Judith Godrèche - manifestaram publicamente, desde semana passada nos veículos The New York Times e The New Yorker que foram alvo de insistentes insinuações sexuais do produtor.

Nesta quarta-feira, as atrizes Cara Delevingne e Léa Seydoux também denunciaram Weinstein por assédio sexual.

Três mulheres o acusaram de estupro: a estrela italiana Asia Argento, a atriz Lucia Evans e outra mulher que se manteve no anonimato. Através de um porta-voz, Harvey Weinstein afirmou que todas as relações sexuais que manteve foram consentidas.

O produtor foi despedido pelo diretório de sua empresa de produção, The Weinstein Company, e sua mulher, Georgina Chapman, anunciou na terça-feira sua separação.

Em declarações ao site Page Six, Weinstein se disse "profundamente devastado". "Perdi minha mulher e minhas filhas, que são as coisas que mais amo".

A imprensa americana informou que Weinstein viajou a um centro de reabilitação no Arizona para tratar de seu vício em sexo e que mais cedo, nesta quarta-feira, sua filha telefonou para o serviço de emergência 911 para relatar que o pai estava "deprimido" e apresentava tendência "suicida".

A polícia de Los Angeles confirmou à AFP que recebeu uma chamada por uma "altercação" que os oficiais qualificaram de "discussão familiar", sem a ocorrência de delito.