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Nu artístico gera polêmica no MAM de São Paulo

30/09/2017 19h53

São Paulo, 30 Set 2017 (AFP) - A performance de um artista, cujo corpo, nu, pode ser manipulado pelo público, gerou uma polêmica acalorada após a interação de uma menina com a obra, o que motivou uma investigação judicial.

La Bête, obra do coreógrafo Wagner Schwartz, foi exibida no Museu de Arte Moderna (MAM) de São Paulo na terça-feira (26), na abertura da 35ª mostra Panorama de Arte Brasileira 2017.

Segundo vídeos postados nas redes sociais, durante a apresentação, o artista está estendido no chão, imóvel e completamente nu, enquanto uma mulher e sua filha se aproximam engatinhando e o tocam nos pés.

A participação da menina chocou muitos internautas, que estamparam sua indignação nas redes, qualificando a performance de "pornografia" e "pedofilia".

Após receber várias denúncias, o Ministério Público de São Paulo decidiu abrir na sexta-feira (29) uma investigação para determinar se, como dizem os denunciantes, o MAM "estaria expondo crianças e adolescentes a conteúdo inadequado, uma vez que um homem estaria posando completamente sem roupa e o público seria convidado a tocá-lo, inclusive crianças", diz no documento o promotor de Justiça Eduardo Dias de Souza.

Souza pediu informações ao museu e determinou que a qualificação indicativa da peça seja revista, assim como a retirada do Facebook e do YouTube de todos os vídeos em que menores aparecem interagindo com o artista.

O MAM, por sua vez, informou que La Bête "não tem conteúdo erótico" e que a menina em questão estava acompanhada da mãe.

"A sala estava devidamente sinalizada com o teor da apresentação, incluindo (o aviso de) o nu artístico", como é habitual nas exposições artísticas da casa, acrescentou o museu.

O MAM lamentou "as manifestações de ódio e de intimidação à liberdade de expressão que rapidamente se propagaram pelas redes sociais".

Este episódio voltou a gerar debates acalorados nas redes sociais, depois do encerramento antecipado de outra exposição em Porto Alegre por denúncias de que algumas obras eram religiosamente ofensivas e incentivavam a pedofilia.

A mostra "Queermuseu - Cartografias da diferença na arte brasileira" integrava a programação do centro Santander Cultural da capital gaúcha e foi cancelada pelos organizadores um mês antes do previsto.