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Dior homenageia artista feminista; Saint Laurent brilha na Torre Eiffel

26/09/2017 19h58

Paris, 26 Set 2017 (AFP) - 'Nem todas as mulheres podem ser modelos', afirmou a estilista à frente da Dior, a italiana Maria Grazia Chiuri, após desfile de Primavera-Verão 2018 da marca, nesta terça-feira, dia marcado também pela apresentação da coleção da Yves Saint Laurent na Torre Eiffel.

A designer italiana, que pôde trazer seu próprio testemunho feminista por ter se tornado no último ano a primeira mulher à frente da marca francesa, iniciou o desfile da nova coleção na Semana de Moda de Paris com uma modelo que usava um suéter listrado com a inscrição questionadora "Por que não existiram grandes artistas mulheres?".

O desfile, marcado pela ironia, foi de longe o mais colorido já apresentado pela nova estilista para a Dior, que chamou a atenção ao usar como referência as cores primárias da artista feminista Saint Phalle, junto aos tons de rosa e amarelo que remetem a itens de confeitaria.

Entretanto, a estilista não utilizou em seu casting modelos 'plus size', mesmo homenageando a grande artista franco-americana que se tornou famosa por suas "Nanas", figuras femininas esculpidas em formas generosas.

"Nem todas as mulheres podem ser modelos", declarou Chiuri à AFP, enquanto elogiava a recente proibição de se contratar modelos excessivamente magras para desfilar nas passarelas em Paris.

"Eu acho que é uma ótima ideia porque eu sou mulher, tenho uma filha", disse.

"Ao mesmo tempo, temos que explicar que nem todas as pessoas podem ser modelos," acrescentou.

- 'Trata-se de um trabalho' -As declarações de Chiuri surgem apenas duas semanas após a onda de desfiles com modelos 'plus size' durante a Semana de Moda de Nova York, lideradas pela ícone da categoria, a americana Ashley Graham.

"Atualmente as pessoas querem fazer de tudo. Se você quer ser um cantor, você tem que ter voz. Se quiser ser um alpinista, tem que ter preparo físico. Há algo que especifica", argumentou a estilista italiana.

O público geralmente tem uma ideia equivocada sobre os estilistas, ela acrescentou. "Eu não quero usar modelos anoréxicas. As pessoas às vezes se esquecem que se trata de um trabalho", diz.

"Nós trabalhamos utilizando um manequim fixo. É de tamanho 37. Nós não utilizamos o 40 porque é muito difícil fazer as medidas posteriores. Existem algumas medidas que são ideais para se fazer o primeiro modelo (protótipo). Precisamos de garotas que sejam talentosas e que naturalmente nasceram com essas medidas", complementou.

No mesmo dia, mais cedo, a marca francesa voltada para o público jovem Jour/né apresentou uma modelo 'plus size' em seu desfile, identificando-a como "alguém com curvas".

"Nós não queremos padronizar as modelos", contou à AFP uma funcionária da marca depois da apresentação da nova coleção, que causou surpresa ao usar símbolos da Coca-Cola em algumas de suas peças.

Chiuri admitiu amar modelos que "têm personalidade. Eu amo (a modelo britânica) Ruth (Bell), porque ela tem uma personalidade marcante. Eu acho que podemos sentir isso", comentou.

A estilista apresentou suas criações em uma espécie de caverna grandiosa e espetacular cheia de mosaicos espelhados, similar às instalações feitas por Saint Phalle na Alemanha e na Itália.

- 'Todas deveríamos ser feministas' -Chiuri iniciou o seu reinado como diretora criativa na Dior usando uma camiseta na qual podia-se ler "Todas deveríamos ser feministas", além de trazer como inspiração a frase referente às mulheres artistas para a coleção Primavera/Verão 2018, ambas retiradas da obra de Linda Nochlin, historiadora da arte e feminista americana.

O tamanho padrão para as modelos se tornou um tema polêmico, cercado de críticas de que a moda exibe jovens mulheres como uma referência de beleza inalcançável e doentia.

A modelo 'plus size' Ashley Graham teve uma calorosa recepção ao desfilar para a marca canadense de lingerie Addition Elle em Nova York, seguida de nomes como Candice Huffine, Precious Lee e Sabian Karlsson, todas da mesma categoria, que participaram de outros desfiles concorridos.

Atualmente, as modelos devem vestir no mínimo tamanho 34 e só podem trabalhar a partir dos 16 anos.

- Kaia Gerber, 16 anos, na passarela -Outra célebre protagonista do dia foi a marca francesa Yves Saint Laurent, com um desfile noturno ao ar livre, realizado ao ar livre em frente à Torre Eiffel iluminada, sem tirar a atenção dos convidados aos bordados e brilhos nas jaquetas idealizadas pelo diretor criativo Anthony Vaccarello.

Em um primeiro momento as modelos desfilaram com shorts curtos e botas cheias de plumas, mas depois apresentaram vestidos e saias volumosas para serem usados à noite. A filha de Cindy Crawford, Kaia Gerber, de 16 anos, voltou a desfilar após a Semana de Moda de Nova York.

Em homenagem a Pierre Bergé, companheiro de Yves Saint Laurent e cofundador da 'maison', falecido em 8 de setembro, uma de suas citações foi impressa nos cartões colocadas nos bancos do público: "Talvez este seja o amor louco. O amor de dois loucos".

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