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Morre nos EUA o lendário comediante americano Jerry Lewis

20/08/2017 21h44

Washington, 21 Ago 2017 (AFP) - O veterano comediante americano Jerry Lewis, que conquistou milhões de fãs em todo o mundo com suas comédias rasgadas em uma carreira que se estendeu por seis décadas, faleceu neste domingo aos 91 anos, informou seu agente à AFP.

Um dos comediantes mais populares dos anos 1950 e 1960, Lewis aperfeiçoou a interpretação de palhaço irreverente em filmes como "O Professor Aloprado" (1963), mas também foi celebrado como escritor, ator e filantropo.

O rei da comédia, que no auge de sua popularidade esteve entre os maiores astros do cinema, morreu em sua casa, em Las Vegas, na manhã deste domingo.

"Posso confirmar com tristeza que hoje o mundo perdeu um dos seres humanos mais significativos", anunciou sua relações públicas, Nancy Kane, em um comunicado. "Jerry morreu em paz, em casa, de causas naturais e cercado de sua família e seus amigos".

Celebrado nos Estados Unidos e no exterior, recebendo inclusive uma indicação ao prêmio Nobel da Paz em 1977, Lewis ficou tão conhecido por seus esforços incansáveis para promover a conscientização sobre a distrofia muscular quanto pela comédia pastelão, sua marca registrada.

Ao longo de 45 anos, ele arrecadou cerca de 2,45 bilhões de dólares no combate à doença com um evento anual na televisão.

Nascido em Newark, Nova Jersey, com o nome de Joseph Levitch, filho de um casal de artistas de Nova York, Lewis subiu aos palcos pela primeira vez com a tenra idade de 5 anos, quando atuou em "Brother, Can You Spare a Dime?" (Irmão, você pode me emprestar uns trocados?).

Aos 15 anos, já tinha seu próprio número de sincronia labial e chegou aos ouvidos de agentes de talentos de Nova York, embora apenas um teatro burlesco de Buffalo tenha demonstrado interesse.

Aos 20, no entanto, tudo mudou para Lewis, quando ele embarcou naquela que seria possivelmente uma das parcerias de maior sucesso do mundo do entretenimento com o elegante e sedutor Dean Martin.

Os dois alimentavam um ao outro em hoje números clássicos da comédia, como tombos, trotes e muita água gaseificada. Os dois assinaram um contrato de longo prazo com os estúdios Paramount Pictures e estrelaram "Amiga da Onça", em 1949. No filme, Lewis teve uma atuação que chegou a ser descrita como "a coisa mais engraçada do filme".

- 'Gênio inegável' -Várias personalidades lamentaram a morte de Lewis.

O ator Jim Carrey, referiu-se ao comediante como uma inspiração. "Jerry Lewis foi um gênio inegável, uma bênção incomensurável, um comediante absoluto! O que sou, devo a ele!", publicou no Twitter.

"Sei que posso estar atrasada para isto, mas tudo o que sei que perder Dick Gregory e Jerry Lewis é um ganho para o Céu, mas uma grande perda para a comédia", tuitou. O comediante e ativista dos direitos civis Dick Gregory morreu no sábado.

"Jerry Lewis era um comediante, ator, diretor, inventor, filantropo genial", postou o apresentador de TV Jimmy Kimmel.

"Foi um pioneiro na comédia e no cinema. E era um amigo", declarou o ator Robert De Niro em um comunicado.

"Jerry viveu para fazer o mundo rir e nós rimos por décadas. Seu talento foi superado apenas por sua filantropia. Descanse bem, amigo", reagiu o apresentador Larry King.

- 'Seja um sucesso' -Entre outros filmes notáveis no repertório de Lewis estão "Deu a louca no mundo" (1959), "O Rei dos Mágicos" (1958) e "Rir é Viver" (1984).

Ao longo de 50 anos, sua arrecadação em bilheterias totalizou 800 milhões de dólares, uma cifra impressionante uma vez que os ingressos de cinema não custavam mais de 50 centavos de dólar no auge de sua popularidade.

Após 17 filmes juntos, a parceria Lewis-Martin terminou em 1956, mas Lewis continuou sua carreira na comédia e em Hollywood. Ele ganhou elogios por seu papel dramático em "O Rei da Comédia", filme de 1983 de Martin Scorsese, coestrelado por Robert De Niro. O longa demonstrou sua versatilidade interpretativa.

"Seja um sucesso. Marque pontos", foi seu simples conselho a comediantes jovens, durante entrevista a Larry King, famoso entrevistador e amigo de longa data.

"Conquiste a audiência rindo e feliz. Este é o segredo", continuou.

Outro comediante, Carol Burnett, que trabalhou com Lewis várias vezes, elogiou seus dotes físicos.

"Sua voz podia subir várias oitavas quando ele deveria estar temeroso ou inseguro", disse à CNN. "Nosso público morria de rir porque ele fazia coisas maravilhosas com seu corpo".

A longa carreira de Lewis não esteve livre de controvérsias. Ao longo dos anos, a imprensa o criticou pelo temperamento volátil e irascível e ele foi acusado mais de uma vez de ser rude com os fãs que assistiam a seus shows.

Nas últimas décadas, o comediante teve muitos problemas de saúde e chegou a ser declarado morto em 1982 após sofrer um ataque cardíaco. Dez anos depois, ele foi diagnosticado com câncer de próstata e em 1997 descobriu que tinha diabetes. No ano 2000, um diagnóstico de meningite espinhal fez sua saúde se deteriorar ainda mais.

Mas ele estava determinado a não deixar sua saúde frágil impedi-lo de trabalhar até quando fosse possível. E em 2011, ele chegou a participar da adaptação de "O Professor Aloprado" para um musical da Broadway.

"Eu tenho que terminar o que comecei", disse Lewis ao Los Angeles Times em entrevista em 2010. "Quero fazer isto antes de partir", concluiu.

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