Cannes descobre últimos dias do brasileiro que queria conhecer a África
Cannes, França, 21 Mai 2017 (AFP) - "Gabriel morreu de felicidade", acredita o diretor Fellipe Barbosa que apresenta, neste domingo (21) no Festival de Cannes, "Gabriel e a montanha", uma reconstrução dos últimos dias do jovem Gabriel Buchmann na África, antes de ser encontrado morto no Maláui.
A história desse economista carioca de 28 anos que decidiu dar a volta ao mundo antes de retomar seus estudos em uma prestigiosa universidade americana comoveu o Brasil. Quando estava prestes a terminar sua aventura, em 17 de julho de 2009, ele desapareceu.
As autoridades levaram quase 20 dias para encontrar seu corpo no monte Mulanje, no sul do Maláui, onde havia morrido de hipotermia.
Barbosa, que apresenta "Gabriel e a montanha" na seção paralela da Semana da Crítica, conta - em entrevista à AFP - que o desaparecimento o "afetou muito".
"Era meu amigo desde a infância", afirmou.
O cineasta decidiu, então, reconstruir os últimos 70 dias da vida de seu amigo, desde que chegou ao Quênia até seu trágico fim no Maláui, passando por Uganda e Tanzânia. Essa viagem ajudaria Buchmann a estudar a pobreza no continente africano.
Para isso, Barbosa buscou "seguir seus passos" exaustivamente.
"Usei muito as fotos dele, que se encontraram (na câmera) junto com seu corpo, seu caderno de viagens e os e-mails" que enviou para amigos e familiares.
Nessas mensagens, Buchmann diz que "está muito feliz", "vivendo grandes aventuras e realizando uma viagem de profunda imersão no continente africano, absolutamente não turístico, e de forma totalmente sustentável".
Várias pessoas que conheceram o jovem durante sua viagem em 2009 aparecem no filme, interpretando a si mesmas: um guia de montanha chamado John Goodluck; Luke Mpata, um caminhoneiro que o hospedou em sua casa; ou Lewis Gadson, o último guia que o viu com vida, antes de decidir seguir sozinho para o topo do Mulanje.
Encontrar essas 13 pessoas "foi um trabalho enorme", explica o diretor.
"Em quatro meses, fiz mais de 8.000 km em transporte público. Foi muito duro, até perigoso", mas "as pessoas eram magníficas (...) com muito carisma", como se seu amigo tivesse "feito um casting", brinca o diretor.
Para ele, outra tarefa difícil foi construir o personagem, porque queria mostrá-lo em todas as suas dimensões, não apenas do ponto de vista positivo.
"É alguém muito contraditório. Um pouco egoísta, arrogante, imprudente, mas com um grande coração, sem cinismo", afirma.
"Acredito que Gabriel tenha morrido de felicidade. Estava obcecado com a felicidade, com a pureza da vida", conclui.
"Gabriel e a montanha" é o segundo longa de Barbosa, depois de "Casa Grande", um filme que circulou pelos festivais de Roterdã e San Sebastián.
Para seu próximo projeto, Barbosa pensa em uma história menos pessoal, centrada em uma família conservadora brasileira em declínio. Começa em 1º de janeiro de 2003, dia da posse de Luiz Inácio Lula da Silva na Presidência. Um filme menos pessoal, mas muito mais político.
A história desse economista carioca de 28 anos que decidiu dar a volta ao mundo antes de retomar seus estudos em uma prestigiosa universidade americana comoveu o Brasil. Quando estava prestes a terminar sua aventura, em 17 de julho de 2009, ele desapareceu.
As autoridades levaram quase 20 dias para encontrar seu corpo no monte Mulanje, no sul do Maláui, onde havia morrido de hipotermia.
Barbosa, que apresenta "Gabriel e a montanha" na seção paralela da Semana da Crítica, conta - em entrevista à AFP - que o desaparecimento o "afetou muito".
"Era meu amigo desde a infância", afirmou.
O cineasta decidiu, então, reconstruir os últimos 70 dias da vida de seu amigo, desde que chegou ao Quênia até seu trágico fim no Maláui, passando por Uganda e Tanzânia. Essa viagem ajudaria Buchmann a estudar a pobreza no continente africano.
Para isso, Barbosa buscou "seguir seus passos" exaustivamente.
"Usei muito as fotos dele, que se encontraram (na câmera) junto com seu corpo, seu caderno de viagens e os e-mails" que enviou para amigos e familiares.
Nessas mensagens, Buchmann diz que "está muito feliz", "vivendo grandes aventuras e realizando uma viagem de profunda imersão no continente africano, absolutamente não turístico, e de forma totalmente sustentável".
Várias pessoas que conheceram o jovem durante sua viagem em 2009 aparecem no filme, interpretando a si mesmas: um guia de montanha chamado John Goodluck; Luke Mpata, um caminhoneiro que o hospedou em sua casa; ou Lewis Gadson, o último guia que o viu com vida, antes de decidir seguir sozinho para o topo do Mulanje.
Encontrar essas 13 pessoas "foi um trabalho enorme", explica o diretor.
"Em quatro meses, fiz mais de 8.000 km em transporte público. Foi muito duro, até perigoso", mas "as pessoas eram magníficas (...) com muito carisma", como se seu amigo tivesse "feito um casting", brinca o diretor.
Para ele, outra tarefa difícil foi construir o personagem, porque queria mostrá-lo em todas as suas dimensões, não apenas do ponto de vista positivo.
"É alguém muito contraditório. Um pouco egoísta, arrogante, imprudente, mas com um grande coração, sem cinismo", afirma.
"Acredito que Gabriel tenha morrido de felicidade. Estava obcecado com a felicidade, com a pureza da vida", conclui.
"Gabriel e a montanha" é o segundo longa de Barbosa, depois de "Casa Grande", um filme que circulou pelos festivais de Roterdã e San Sebastián.
Para seu próximo projeto, Barbosa pensa em uma história menos pessoal, centrada em uma família conservadora brasileira em declínio. Começa em 1º de janeiro de 2003, dia da posse de Luiz Inácio Lula da Silva na Presidência. Um filme menos pessoal, mas muito mais político.
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