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Com "Alien: Covenant", Ridley Scott desperta a fera

09/05/2017 11h05

Paris, 9 Mai 2017 (AFP) - Com "Alien: Covenant", sequência do filme "Prometheus", Ridley Scott traz de volta às telonas uma das mais famosas criaturas do cinema, para uma experiência horripilante muito eficaz apesar de não renovar o gênero.

A saga "Alien" é agora composta por seis filmes. As primeiras quatro partes, "Alien, o oitavo passageiro" (Ridley Scott, 1979), "Aliens, o resgate" (James Cameron, 1986), "Alien 3" (David Fincher, 1992), "Alien: a Ressurreição" (Jean-Pierre Jeunet, 1997) se desenrolam em ordem cronológica, com Sigourney Weaver no papel de Ripley, a heroína que resiste aos monstros.

"Prometheus" (2012), que trouxe Scott de novo ao comando da franquia, lançou uma nova série de filmes dedicados ao xenomorfo, esta criatura extraterrestre assustadora criada pelo designer suíço HR Giger. O objetivo: contar, antes dos eventos já conhecidos, a origem do Alien.

Este filme decepcionou um pouco os fãs pela falta de emoções fortes, com o Alien quase ausente na tela. "Alien: Covenant", que recupera mais ou menos todos os códigos do gênero, como uma síntese da tetralogia original, deve deleitar os aficionados.

A ação é muito presente e bem conduzida e o medo toma conta neste filme que estreia quinta-feira nos cinemas brasileiros.

Muitas sequências ecoam algumas do passado. Uma delas lembra em particular aquela do "chestburster", onde vimos no primeiro filme o Alien sair do corpo humano, onde foi fecundado, explodindo o peito do indivíduo. Esta cena, terrível ou fascinante, de acordo com o público, traz desta vez uma variante que funciona.

'As pessoas são perversas'"É preciso ter uma mente distorcida como a minha, para querer assustar as pessoas assim", brinca o diretor britânico de 79 anos, que apresentou recentemente seu filme em Paris.

"No primeiro Alien, tinha uma responsabilidade, porque a reação das pessoas após a cena do 'chestburster' com John Hurt foi muito além do que eu imaginava. Não foi bom. Mas o filme foi um sucesso, porque as pessoas são perversas", afirma.

Quanto à história em si, "Alien: Covenant" conta como uma nave, com cerca de 2.000 pessoas a bordo em estado de biostasis (espécie de hibernação), futuros colonos de um novo planeta, é desviada para um outro planeta onde se encontram as criaturas horrendas. Na boca do monstro, quantos vão escapar? Poucos.

No papel da heroína que vai resistir à criatura, Katherine Waterston ("Steve Jobs", "Animais Fantásticos") não faz feio. Mas interpretar após Sigourney Weaver é tarefa difícil. No entanto, Michael Fassbender (Shame, X-Men), o único sobrevivente de "Prometheus", ganha em profundidade no papel de dois antagonistas andróides.

Para seu terceiro filme da saga, Ridley Scott reconhece que "a maior armadilha a evitar era ser repetitivo".

"Depois, durante as filmagens, não era possível colocar o Alien em todos os planos, não devemos banalizar suas aparições. Devemos também assegurar uma evolução morfológica de um filme para o outro. Estes desenvolvimentos ajudam a manter uma forte impressão quando o vemos".

"No espaço, ninguém pode ouvir você gritar", dizia o slogan do primeiro filme. Nas salas de cinema, no entanto.