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Morre Jonathan Demme, o diretor de 'O Silêncio dos Inocentes'

26/04/2017 16h43

Nova York, 26 Abr 2017 (AFP) - Jonathan Demme, ganhador do Oscar de melhor diretor por "O Silêncio dos Inocentes", morreu nesta quarta-feira aos 73 anos.

Demme é mais conhecido pelo thriller de 1991 estrelado por Anthony Hopkins como o serial killer Hannibal Lecter e Jodie Foster com a agente do Clarice Starling.

No ano seguinte, com seu filme "Filadélfia", levou Tom Hanks a ganhar um Oscar de melhor ator na pele de um advogado demitido de sua empresa por ter aids.

"O Silêncio dos Inocentes" ganhou ao todo cinco prêmios Oscar, incluindo melhor filme, melhor ator para Hopkins e melhor atriz para Foster.

"Posso confirmar que Jonathan faleceu nesta manhã em seu apartamento em Manhattan, cercado por sua esposa, Joanne Howard, e três filhos", afirmou seu agente em um comunicado.

"Morreu por complicações de câncer de esôfago e deixou seus filhos, Ramona, de 29 anos, Brooklyn, de 26 anos, e Jos, de 21 anos", acrescentou.

Demme morreu por complicações de um câncer de esôfago. Ele deixou três filhos, Jos, 21 anos, Brooklyn, 26, e Ramona, 29.

Seus fãs, amigos e ex-colegas reagiram de imediato à notícia.

"Profundamente entristecida pelo falecimento de um homem brilhante - diretor, pai, amigo, ativista", escreveu a atriz britânica Thandie Newton no Twitter.

O diretor Barry Jenkins, cujo filme "Moonlight" ganhou o Oscar de melhor filme este ano, escreveu: "Conheci um monte de gente durante as filmagens Moonlight, mas meu chapa Demme foi o mais o mais gentil, o mais generoso. Uma TREMENDA alma. Ele viveu em amor. Que descanse em paz".

"Um homem formidável. Tristeza", tuitou, por sua parte, Thierry Frémaux, o delegado-geral do Festival de Cannes.

"Jonathan Demme era um grande artista, envolvido em ações humanitárias, um ativista e um colega gentil e incentivador", reagiu o diretor americano Ron Howard no Twitter, evocando o compromisso do cineasta com as causas políticas e sociais.

Ao todo, Demme dirigiu 20 filmes e 12 documentários. Ele jamais teve vergonhar de retratar o passado torturado de seu país.

'A América que eu amo'Demme estreou no cinema nos anos 1970 através do produtor Roger Corman, que também revelou nomes como Francis Ford Coppola, Ron Howard, Martin Scorsese e James Cameron.

Descoberto pela crítica por seu filme "O Casamento de Raquel" no Festival de Veneza em 2008, dois meses antes de Barack Obama ser eleito o primeiro presidente negro dos Estados Unidos, Demme prestou uma homenagem a um Estados Unidos multicultural.

Indagado sobre o casamento em questão do filme - com uma noiva branca (Rosemarie Dewitt) e um noivo negro (Tunde Adebimpe) - , ele disse na ocasião que se tratava "do verdadeiro quadro da América dos dias de hoje".

"Essa é a América que eu amo", declarou Demme, acrescentando tratar-se de "de uma América com me sinto profundamente conectado".

Demme será enterrado em uma cerimônia familiar privada. Invés de flores, a família pediu doações para uma organização com sede na Flórida, que trabalha para proteger imigrantes, a ONG Americans For Immigrant Justice.

Entre os documentários de Demme, está "Man from Plains", sobre a vida do ex-presidente democrata Jimmy Carter, acompanhando o tour de lançamento de seu livro "Palestine Peace, not Apartheid".

Também dirigiu um documentário sobre o jornalista Jean Dominique ("The Agronomsit"), fundador da emissora de rádio independente Radio Haití Inter e assassinado em 2000 por razões políticas.

Da mesma forma engajada, manifestou publicamente sua posição contra a ação dos Estados Unidos no Iraque, em 2003.

Sobre suas influências cinematográficas, Jonathan Demme contou à AFP, em uma entrevista em 2003, ter sido brevemente, aos 24 anos, chefe da assessoria de imprensa do diretor francês François Truffaut por ocasião do lançamento de "A noiva estava de preto" nos Estados Unidos, em 1968.

"Eu ainda não sabia que queria ser cineasta. Este filme teve um profundo impacto em mim. Mudou minha forma de ver o cinema", declarou na ocasião.