Fundador da Wikipedia desafia notícias falsas com Wikitribune
Washington, 25 Abr 2017 (AFP) - Fundador da Wikipedia, Jimmy Wales, está lançando um projeto que pretende remodelar a mídia - e combater a desinformação - usando os mesmos princípios de colaboração de sua enciclopédia online.
O Wikitribune contará com uma ampla comunidade online de jornalistas e leitores para fazer a checagem do fato, um modelo de crowdsourcing pioneiro no sistema "wiki" por trás do Wikipedia.
"A notícia está com defeito, mas podemos consertá-la", diz o site do projeto de Wales divulgado na última segunda-feira.
No Twitter, Wales definiu o projeto como "uma plataforma de notícias que reúne jornalistas e voluntários para artigos baseados em fatos com impacto real".
"O Wikitribune pega o jornalismo profissional baseado em padrões e incorpora a ideia radical do mundo do Wiki de que uma comunidade de voluntários pode e vai proteger e melhorar notícias".
O novo serviço será gratuito, sem publicidade, com a contribuição dos usuários, da mesma forma como a não lucrativa Wikimedia Foundation opera a Wikipedia.
Aos apoiadores será pedida uma assinatura de 15 dólares por mês. A ideia é contratar pelo menos 10 jornalistas para gerenciar o site.
"Acho que estamos em um mundo agora, onde as pessoas estão muito preocupadas em ter certeza de que temos informações de alta qualidade baseadas em fatos, então eu acho que haverá demanda para isso", disse Wales à BBC.
As notícias falsas (conhecidas no inglês como "fake news") foram consideradas um problema sério durante a campanha eleitoral dos EUA no ano passado, quando histórias claramente fraudulentas circularam viralmente em mídias sociais, influenciando potencialmente alguns eleitores.
Desde então, as notícias falsas têm preocupado pela possibilidade de afetarem as eleições na Europa; e, por isso, companhias de internet intensificaram seus esforços para acabar com as "fazendas de cliques" ("click farms") e outros sistemas que geram receita de anúncios online usando notícias inventadas.
- Necessidade de inovação -Jeff Jarvis, professor de jornalismo da City University of New York e consultor do projeto, disse que está "animado" com o Wikitribune.
"Vejo necessidade de inovação sobre novas formas de notícia", afirmou Jarvis.
"A comunidade de contribuintes vai examinar os fatos, ajudar a certificar-se de que a linguagem é factual e neutra, e será, na medida do possível, transparente sobre a fonte da informação, postando transcrições completas, vídeos e áudios de entrevistas".
Segundo o site, o grupo de consultoria da Wikitribune inclui Jarvis, o investidor de risco Guy Kawasaki e a atriz britânica Lily Cole, de acordo com o site.
Jeff Howe, um jornalista que criou o termo "crowdsourcing" e agora é professor da Northeastern University, disse que este sistema pode ser positivo para a indústria de notícias.
"Eu sou um grande fã da verificação crowdsourced", disse Howe à AFP. "É um princípio muito bem testado", garantiu.
Howe acrescentou que crowdsourcing na Wikipedia e em outros lugares funciona melhor como um sistema "híbrido", que é aberto ao público, mas com profissionais na gestão do sistema.
Mas Howe disse que não se sabe se a Wikitribune pode alcançar as pessoas mais suscetíveis a notícias fraudulentas.
"Algumas pessoas já escrevem fora da grande mídia", alertou. "Não estou certo de que ele (Wales) poderá alcançar essas pessoas que estão na margem", completou.
aura Hazard Owen, do Laboratório de Jornalismo Nieman da Universidade de Harvard, disse que ainda é preciso aguardar para ver como o projeto se desenvolverá.
"Coisas boas podem acontecer quando uma multidão trabalha para tentar resolver um problema no jornalismo", disse ela em um post no site.
"Ao mesmo tempo, a verificação crowdsourced pode ir mal sem supervisão... Uma pesquisa inteiramente crowdsourced sem ninguém supervisionando ou pagando por ela pode levar a lugar nenhum".
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.