Prêmio Nobel Elfriede Jelinek escreve peça de teatro para "entender Trump"
A escritora austríaca Elfriede Jelinek, prêmio Nobel de Literatura em 2004, escreveu em algumas semanas uma peça de teatro sobre a eleição de Donald Trump. O texto foi lido pela primeira vez na segunda-feira (27) em Nova York.
"On the Royal Road: The Burgher King" (Na tradução: "No Caminho Real: O Rei Burguês") busca dar sentido à eleição, tentando compreender quem é Donald Trump e o que sua vitória revela da sociedade.
Alinhada à obra de Jelinek, a peça é extremamente densa, escrita em uma língua onde cada palavra e cada frase aparecem como a parte essencial de um quebra-cabeça. "Na primeira vez em que li o texto tive a impressão de ver uma pintura abstrata", explicou a atriz Masha Dakic, que fez a leitura na segunda-feira.
O personagem principal se apresenta com as características da marionete Miss Piggy, dos Muppets. Mas, nesse caso, ela é cega e tem os olhos com sangue, e se pergunta sobre as facetas de quem chama de "rei", Donald Trump.
Trump destruiu o passado, confiscou o futuro para levar tudo ao presente - ao mundo dos tuítes que ele gosta tanto, declarou Jelinek.
O diretor desta obra no pequeno teatro Martin Segal, na Universidade Pública de Nova York (CUNY), Stefan Dzeparoski, montou a peça em segmentos curtos, como sobressaltos, como "alertas da atualidade", explicou à AFP. "Tudo tem este ritmo contundente que te priva de um momento para refletir", acrescentou.
Brutal e onipotente, a eleição de Donald Trump lembra a ascensão do nazismo, explicou Gitta Honegger, que traduziu a obra do alemão ao inglês.
Observa os intelectuais "que pensavam que não era possível que alguém com tal pensamento, comportamento e vacuidade pudesse se tornar presidente". "Se tivesse que dizer de que a obra fala, seria: 'como entender Trump'?".
"Não podemos entender a estupidez", declara Elfriede Jelinek em uma entrevista que será publicada pela revista americana "Theater", onde um trecho da obra também será divulgado.
A autora, cujo livro mais conhecido, adaptado ao cinema, é "A Professora de Piano", não viajou a Nova York.
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