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Rodin continua na moda 100 anos depois de sua morte

21/03/2017 14h51

Paris, 21 Mar 2017 (AFP) - Uma escultura de mármore de Auguste Rodin, que permaneceu 130 anos em mãos de uma família chilena, será leiloada no final deste mês em Paris, cidade que também dedica uma grande exposição ao célebre escultor francês.

Com um preço estimado de entre 800.000 e 1,2 milhão de euros, "Andrômeda", que representa a figura da mitologia grega deitada sobre uma pedra, pertenceu à família do diplomata chileno Carlos Morla Vicuña.

Em 1888, Morla Vicuña, embaixador do Chile em Paris, pediu ao amigo Auguste Rodin (1840-1917) que realizasse, em mármore, o busto da sua esposa, Luisa.

A escultura foi exposta no mesmo ano no Salão Nacional de Belas Artes, gerando tanto entusiasmo que o Estado francês manifestou interesse em adquiri-la.

Morla Vicuña aceitou ceder o busto, atualmente exposto no Museu d'Orsay, na capital francesa.

Como agradecimento, Rodin presenteou o casal chileno com a obra "Andrômeda", que permaneceu na família durante quatro gerações.

Foi encontrada recentemente "durante um inventário em um apartamento de alguns descendentes em Madri", explicou Bruno Jaubert, diretor adjunto da Artcurial, a cargo da venda.

A obra será exposta ao público em Paris, Bruxelas, Viena, Milão e de novo na capital francesa, antes de ser leiloada, em 30 de maio.

De 28 cm de altura, 30 cm de comprimento e mais de 20 kg, a escultura representa a "Andrômeda" nua e adormecida, deitada em uma pedra com a cabeça de perfil.

Existem cinco exemplares da "Andrômeda", três deles conservados em museus (Museu Rodin de Paris, Museu Nacional de Belas Artes de Buenos Aires e Museu Rodin da Filadélfia).

O quarto foi leiloado em 2006 em Nova York por três milhões de dólares, segundo Jaubert.

- 200 obras no Grand Palais -No centenário da morte de Rodin, Paris lhe dedica uma grande exposição no Museu Grand Palais, com cerca de 200 obras, entre esculturas e desenhos.

Um dos destaques é a obra "A porta do inferno", inspirada na "Divina Comédia" de Dante e nas "Flores do mal" de Baudelaire, na qual trabalhou durante 20 anos.

Também figuram "O pensador" e "O beijo", alguns dos principais trabalhos do artista, que foi aclamado em sua época por "dar vida" à escultura.

Rodin era, além disso, um "adorador da mulher", com uma visão audaciosa do corpo feminino. "Seu erotismo era muito chocante na sua época", segundo Catherine Chevillot, diretora do Museu Rodin de Paris, que faz referência às esculturas "Mulher agachada" e "Torso de Adele".

A mostra, de 22 de março a 31 de julho, evidencia também a influência de Rodin em outros escultores do século XX, como Giacometti, Jean Fautrier, Germaine Richier e Kooning.

emc-fa-app/es/db