Arma com o qual Verlaine atirou em Rimbaud é arrematada por EUR 434.500
Paris, 30 Nov 2016 (AFP) - A arma mais famosa da literatura francesa, o revólver com o qual Paul Verlaine tentou matar seu amante, Arthur Rimbaud, em 1873, em Bruxelas, foi arrematado por 434.500 euros nesta quarta-feira, em Paris, na casa de leilões Christie's.
A pistola, uma Lefaucheux de seis tiros, calibre sete milímetros e coronha de madeira, estava avaliada entre 50.000 e 60.000 euros.
"O revólver encontrou um comprador por 434.500 euros, gastos inclusos", informou à AFP o encarregado em comunicação da Christie's. O comprador, de nacionalidade desconhecida, fez seus lances por telefone, informou.
Em 10 de julho de 1873, às 14H00, três pessoas estavam em um quarto de hotel na Rue des Brasseurs, em Bruxelas: Verlaine, sua mãe e o jovem Arthur Rimbaud. O ambiente estava muito tenso. De repente, soam dois disparos.
Verlaine, de 29 anos, atirou em Rimbaud, de apenas 19. Uma bala fere o jovem logo acima do punho. A outra se aloja no chão. Acabava de acontecer o disparo mais célebre da literatura francesa e uma briga que, felizmente, fez correr mais tinta que sangue.
A briga entre os dois poetas começou em Londres, em maio de 1873. Verlaine queria voltar com a mulher, Mathilde, com quem se casou em 1870, um ano antes de encontrar o autor de "o Barco Bêbado". Depois da enésima discussão, ele abandonou o amante e viajou para Bruxelas. Rimbaud o seguiu.
Verlaine pensava em suicídio, Rimbaud planejava se alistar no exército. Eles se embebedaram, choraram, viveram a decepção dos corações partidos.
Rimbaud contou que, antes de atirar nele, Verlaine lhe disse: "Isto é para você, já que vai embora!"
A detonação e o sangue esfriaram a disputa. O trio chegou ao hospital onde fazem curativo no braço de Rimbaud. Ao sair, o jovem assegurou que iria embora para Paris. Então, Verlaine, que ainda está armado, o ameaçou em plena rua, e Rimbaud chamou um policial, que os deteve.
O resto é história: Verlaine foi condenado a dois anos de reclusão na prisão de Mons. Atrás das grades, onde passou 555 dias, escreveu os 32 poemas de "Cellulairement".
Rimbaud, que voltou para a casa da mãe, começa a escrever "Une saison en enfer".
Os dois poetas se viram pela última vez em 1875, em Stuttgart, após a soltura de Verlaine. Durante este breve encontro, Rimbaud lhe entrega o manuscrito de "Iluminations" ao ex-amante.
Verlaine tinha comprado a arma e uma caixa com 50 balas no mesmo dia do incidente em uma loja de Bruxelas.
A polícia reteve a arma, uma pistola muito comum na época, e a devolveu à loja de armas Montigny. Ao fechar esta loja, em 1981, o revólver foi cedido ao seu atual proprietário, Jacques Ruth, um oficial de justiça belga, amante das armas.
O revólver fica guardado em um armário até o começo dos anos 2000, quando Jacques Ruth vê um filme sobre o amor de Rimbaud e Verlaine, "Eclipse de uma paixão", com Leonardo DiCaprio, e se dá conta de que é detentor de um tesouro.
Ele contata um conservador da Biblioteca Real da Bélgica, Bernard Bousmanne, curador de uma exposição dedicada a Rimbaud em 2004, em Bruxelas.
"Pensei que fosse uma brincadeira. Mas todos os elementos coincidiam - o modelo, a data e o local de fabricação. Solicitamo, inclusive, análises balísticas à Escola Militar de Bruxelas. Foram definitivos", disse Bousmanne a meios de comunicação belgas.
O conservador foi curador de outra mostra dedicada a Verlaine em 2015 em Mons, onde a arma foi exibida pela primeira vez ao público.
A cidade natal de Rimbaud, Charleville-Mézières (nordeste da França), lançou uma subscrição pública para tentar adquirir o revólver e, assim, enriquecer a coleção do museu dedicado ao poeta.
aje/alu/blb/pt/gm-lmm/jz/mvv
A pistola, uma Lefaucheux de seis tiros, calibre sete milímetros e coronha de madeira, estava avaliada entre 50.000 e 60.000 euros.
"O revólver encontrou um comprador por 434.500 euros, gastos inclusos", informou à AFP o encarregado em comunicação da Christie's. O comprador, de nacionalidade desconhecida, fez seus lances por telefone, informou.
Em 10 de julho de 1873, às 14H00, três pessoas estavam em um quarto de hotel na Rue des Brasseurs, em Bruxelas: Verlaine, sua mãe e o jovem Arthur Rimbaud. O ambiente estava muito tenso. De repente, soam dois disparos.
Verlaine, de 29 anos, atirou em Rimbaud, de apenas 19. Uma bala fere o jovem logo acima do punho. A outra se aloja no chão. Acabava de acontecer o disparo mais célebre da literatura francesa e uma briga que, felizmente, fez correr mais tinta que sangue.
A briga entre os dois poetas começou em Londres, em maio de 1873. Verlaine queria voltar com a mulher, Mathilde, com quem se casou em 1870, um ano antes de encontrar o autor de "o Barco Bêbado". Depois da enésima discussão, ele abandonou o amante e viajou para Bruxelas. Rimbaud o seguiu.
Verlaine pensava em suicídio, Rimbaud planejava se alistar no exército. Eles se embebedaram, choraram, viveram a decepção dos corações partidos.
Rimbaud contou que, antes de atirar nele, Verlaine lhe disse: "Isto é para você, já que vai embora!"
A detonação e o sangue esfriaram a disputa. O trio chegou ao hospital onde fazem curativo no braço de Rimbaud. Ao sair, o jovem assegurou que iria embora para Paris. Então, Verlaine, que ainda está armado, o ameaçou em plena rua, e Rimbaud chamou um policial, que os deteve.
O resto é história: Verlaine foi condenado a dois anos de reclusão na prisão de Mons. Atrás das grades, onde passou 555 dias, escreveu os 32 poemas de "Cellulairement".
Rimbaud, que voltou para a casa da mãe, começa a escrever "Une saison en enfer".
Os dois poetas se viram pela última vez em 1875, em Stuttgart, após a soltura de Verlaine. Durante este breve encontro, Rimbaud lhe entrega o manuscrito de "Iluminations" ao ex-amante.
Verlaine tinha comprado a arma e uma caixa com 50 balas no mesmo dia do incidente em uma loja de Bruxelas.
A polícia reteve a arma, uma pistola muito comum na época, e a devolveu à loja de armas Montigny. Ao fechar esta loja, em 1981, o revólver foi cedido ao seu atual proprietário, Jacques Ruth, um oficial de justiça belga, amante das armas.
O revólver fica guardado em um armário até o começo dos anos 2000, quando Jacques Ruth vê um filme sobre o amor de Rimbaud e Verlaine, "Eclipse de uma paixão", com Leonardo DiCaprio, e se dá conta de que é detentor de um tesouro.
Ele contata um conservador da Biblioteca Real da Bélgica, Bernard Bousmanne, curador de uma exposição dedicada a Rimbaud em 2004, em Bruxelas.
"Pensei que fosse uma brincadeira. Mas todos os elementos coincidiam - o modelo, a data e o local de fabricação. Solicitamo, inclusive, análises balísticas à Escola Militar de Bruxelas. Foram definitivos", disse Bousmanne a meios de comunicação belgas.
O conservador foi curador de outra mostra dedicada a Verlaine em 2015 em Mons, onde a arma foi exibida pela primeira vez ao público.
A cidade natal de Rimbaud, Charleville-Mézières (nordeste da França), lançou uma subscrição pública para tentar adquirir o revólver e, assim, enriquecer a coleção do museu dedicado ao poeta.
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